Apesar de ter feito parte da gestão atual, do reitor Vahan Agopyan, como pró-reitor de pós-graduação, Carlotti era considerado o candidato da oposição. “Temos propostas inovadoras e precisamos do apoio da comunidade, queremos fazer uma gestão disruptiva”, disse Carlotti ao Estadão logo após o resultado de ontem. Ele teve 1.156 votos do total de 2.002 contabilizados. Hernandes era o vice-reitor de Agopyan e teve 795 votos.
Uma das intenções de Carlotti é criar uma nova pró-reitoria para cuidar de inclusão e diversidade. Segundo ele, a intenção é unificar ações hoje fragmentadas. “Queremos melhorar a situação de gênero e étnico-racial, para ter uma universidade mais equânime.”
As discussões para maior inclusão e menos desigualdade fizeram parte da campanha para reitor. Pela primeira vez desde que há registros, a maioria dos novos alunos da USP deste ano veio de escolas públicas. Mas há necessidade de mais políticas de permanência desses novos estudantes, com bolsas, moradia, alimentação, transporte.
Ganha força também o combate à desigualdade de gênero na academia. A USP ainda não tem políticas para compensar o período em que as mulheres se dedicaram à maternidade, por exemplo, como há em várias universidades federais.
DESIGUALDADE
Estudos mostram que as mulheres são maioria em algumas áreas na graduação, mas o número diminui muito em cargos altos da carreira. E que a produtividade cai demais durante os primeiros seis anos após o nascimento de um filho. A vice-reitora na chapa de Carlotti é a professora da Faculdade de Sociologia Maria Arminda do Nascimento Arruda, que foi coordenadora do escritório USP Mulheres, que visa incentivar políticas para combatera desigualdade de gênero.
A votação eletrônica durou ontem o dia todo. O colégio eleitoral da USP teve a participação de 1799 professores, 201 estudantes, 86 servidores técnicos administrativos e 26 representantes de outros grupos da sociedade, como associação de ex-alunos. A comparecimento foi de 94,4% dos eleitores habilitados. O presidente da comissão eleitoral e diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano de Azevedo Marques, anunciou o resultado em uma live no YouTube.
Carlotti foi diretor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto e criticou na campanha “decisões puramente administrativas” e “burocratização”. Se for escolhido por Doria, será o 28º reitor da USP.
ATAQUES
Sobre os ataques recentes às universidades públicas do País por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, ele diz que é preciso ficar mais próximo da sociedade. “Precisamos ter foco na melhoria de qualidade de vida das pessoas. Se tivermos o respaldo da população, esses ataques tenderão a diminuir.”
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