Nossos olhares, nossas mentes e nossos corações nesse momento se dirigem ao querido e amado estado do Rio Grande do Sul, estado esse que vem passando por um desastre ambiental de proporções jamais imaginadas por qualquer um de nós, nunca antes na história desse país presenciou-se algo estarrecedor como agora, tivemos muitos desastres ambientais, mas igual ao de agora nunca. Um evento extremo que não deixa margem para dúvida, ou seja, qualquer lugar do nosso país pode vir a se tornar alvo de catástrofes dessa magnitude, a qualquer hora. Chegou o tempo de tomar esse caso e fazer uma reflexão profunda e aqui isso serve para qualquer área do conhecimento, isto é, que progresso é esse que estamos vivenciando, que se transforma num piscar de olhos numa tragédia? Quanto conhecimento temos, mas que nessa hora não serve para quase nada?
Uma coisa precisamos ter em mente, por outras palavras, daqui para frente nada será como antes, paremos de nos iludir, de nos enganar a todo momento, fingindo que a mudança climática é conto do vigário ou algo parecido, nada disso, ela é palpável, está aqui do nosso lado, milhares de pessoas afetadas, mortes humanas e extra-humanas, um cenário só comparável aos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki; o novo normal, pintado de luzes e paetês, não é aquela conversa fiada e leviana que alguns tentam nos passar mentirosamente, o novo normal está aí, desnudo, solto, galopante fazendo vítimas e estragos por todos os cantos, sabemos como os desastres começam, mas ninguém de nós sabe como e quando eles vão terminar; a nossa forma de pensar e agir como se fôssemos os donos do mundo, não pode mais imperar, ela simplesmente não deu certo.
Essa tragédia anunciada, mas não levada a sério durante muito tempo, é oriunda de vários fatores, que conjugados transformam-se numa imensa bomba relógio, que pode vir a explodir, como de fato explodiu, talvez o maior pecado até agora da parte dos seres não tão humanos assim é o fato de se julgarem acima de todo bem e de todo mal, por outras vias, trazemos mais uma vez a velha e sempre atual palavra grega, Hybris, que nada mais é do que a nossa insolência, a nossa empáfia, a nossa arrogância, as nossas presunções mais sórdidas, os nossos gostos desenfreados pelo exagero, aquele orgulho estampado cinicamente em muitos rostos e principalmente aquela confiança desmedida em nossas forças. Infelizmente nosso mundo “moderno” está cheio de pessoas assim, que tentam a todo custo levar adiante um projeto de progresso fracassado e que por onde passa mata.
Está provado, Deus perdoa sempre, nós algumas vezes fingimos que perdoamos, mas a natureza nunca perdoa e esse não perdoar da natureza ainda irá perdurar por muito tempo, caso não coloquemos um freio em nossas utopias impossíveis de serem concretizadas, deu no que deu termos ignorado os “pequenos” desastres, aqui e acolá, tanta propaganda sobre desenvolvimento, sobre as novas tecnologias, sirenes de alarme, cidades inteligentes, tantos esforços para termos uma vida mais tranquila e o que acontece no final? Aí está, isto é, nenhuma tecnologia, nenhum satélite, nenhuma nave espacial, nenhuma internet, foi capaz de frear essa tragédia, a água por onde tem passado, se mostra furiosa, enraivecida, levando tudo e todos, devolvendo a nós todo o maldito lixo que jogamos dentro dos rios e nas suas margens; a poluição que causamos veio então a galope.
Bioeticamente, a catástrofe no do Rio Grande do Sul e tantas outras que temos conhecimento, deveriam nos tocar profundamente sobre qual o legado que nós seres humanos estamos deixando para as gerações futuras, afinal amamos nossos semelhantes? Temos consideração por nossos filhos e netos? Que tipo de meio ambiente estou deixando para os que virão amanhã? Sabemos que em meio a essa tragédia, estão tramitando no congresso nacional vários projetos que tendem a serem ainda mais agressivos contra o meio ambiente, esse mesmo congresso nacional ignora toda e qualquer opinião contrária, não leva em conta absolutamente nada, para ele só vale a utopia ilusória de que quanto mais desenvolvimento, mais seremos felizes, mas a realidade é bem outra. Parabéns ao querido povo brasileiro, pela enorme generosidade para com os que sofrem.
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