Começamos nossa reflexão trazendo à tona uma frase curta, porém demolidora para as atuais circunstâncias que vivemos, trata-se do célebre filósofo alemão, Rudolf-Otto Apel, diz ele: “Pela primeira vez na história do gênero humano, os seres humanos foram postos, na prática, diante da tarefa de assumir a responsabilidade solidária pelos efeitos de suas ações em um parâmetro que envolve todo o planeta”; poderíamos inclusive listar ao lado de Apel, a figura icônica de Hans Jonas e outros tantos que nas últimas décadas tem se debruçado sobre um tema vital para a sequência da vida na Terra, nem mais nem menos, o momento é único, ímpar e a civilização vive numa encruzilhada, isto é, ela assume seu papel frente aos infortúnios ou todos vamos sucumbir diante das tantas intempéries que se sucedem em todos os lugares; como seres pensantes temos o dever de fazermos algo.
E fazer algo não significa realizar uma tarefa tipo tapa buraco, algo que daqui uns dias estará muito pior do que estava antes, o momento não é para brincadeiras, pois trata-se da vida, da existência, do futuro dos seres humanos e extra-humanos, tudo, queiramos ou não passa pelas mãos dos seres humanos, praticamente tudo o que é feito no Planeta, primeiro é realizado pelos humanos, inclusive desculpas esfarrapadas por nós produzidas para nada fazermos de concreto, são o maior retrato da situação vigente. O desequilíbrio ambiental e climático é tremendo, basta termos consciência do que estamos enfrentando nos últimos meses, fortes chuvas, inundações e agora uma enorme seca, cumulada por fortíssimas ondas de calor; por qualquer ângulo que olhemos, somos sim afetados de vários modos; a grande maioria espera um milagre tecnológico, mas será que realmente ele virá?
Ao nosso redor tudo está “perfeitamente” informatizado, voltamos a termos aquela sensação de que somos invencíveis mais uma vez, depositamos uma fé avassaladora em pequenos instrumentos, que de tão avançados, quando temos uma pane climática ou meteorológica, eles simplesmente saem de cena, ficamos malucos, muitos ficam doentes ou até mesmo deprimidos por não poderem se “conectar” com o mundo deles. Ao mesmo tempo que tanta tecnologia disponível, nos informem de maneira saudável, ela também faz um estrago terrível, nos desinformando sob variados aspectos, por outras palavras, muitas tecnologias mentem descaradamente sobre tudo, não possuem nenhum pudor em abalar reputações, induzem pessoas de qualquer idade a cometerem verdadeiros absurdos, vivemos uma epidemia silenciosa de mentiras e falsidades provocadas pela alta tecnologia.
Essa mesma estonteante alta tecnologia ataca o meio ambiente até a raiz, isto é, não é segredo para ninguém que vivemos uma perigosa globalização financeira muito instável, desumanizante, guerras cirurgicamente provocadas, governantes preocupados apenas com a suas “popularidades”, o risco de uma guerra nuclear que pode acabar com o Planeta, isso e muito mais são situações forjadas para que todos continuem com medo, para que continuem pensando que o mundo é mal e cruel, quando na verdade é o próprio ser humano camuflado, escondido em seus sofisticados aparatos tecnológicos é quem cria esse medo jamais visto antes. Tragicamente notamos que muitos são movidos pela conquista de poder e mais poder, que sem isso não serão felizes, que sendo o poder tirado de suas mãos não serão mais consideradas pessoas; nisso então reside a sua fraqueza.
Bioeticamente, o Global Risks Report 2024, alerta que nos próximos anos, o top dez de riscos serão: 1. Desinformação e informação falsa; 2. Eventos climáticos extremos; 3. Polarização social; 4. Insegurança cibernética; 5. Conflitos armados interestaduais; 6. Falta de oportunidades econômicas; 7. Inflação; 8. Migração involuntária; 9. Recessão econômica; 10. Poluição. E nos próximos dez anos se algo não for feito com máxima urgência: 1. Eventos climáticos extremos; 2. Alterações críticas nos sistemas terrestres; 3. Perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas; 4. Escassez de recursos naturais; 5. Desinformação e informação falsa; 6. Resultados adversos das tecnologias de Inteligência Artificial; 7. Migração involuntária; 8. Insegurança cibernética; 9. Polarização social; 10. Poluição. São problemas globais criados pelos seres humanos e cabe a eles resolverem.
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