Nosso senso de humanidade está em baixa

Nosso belo Planeta, não merece a onda de violência que aí está e que todos de um modo ou de outro sofrem as consequências e que não são poucas, diga-se de passagem, a espiral do ódio é alimentada todos os dias por uma indústria criminosa que quase sempre age nas sombras e no silêncio e fica impune, tamanho são os interesses envolvidos, impossível aqui nominar todos os conflitos que estão acontecendo, eles estão nas famílias, nas cidades e no campo, nas florestas e nos rios do nosso imenso e amado Brasil e também mundo afora. Muitos podem estar se perguntando: O que está acontecendo com o ser humano, dotado de tanta inteligência e técnica? Por que tanta desumanização e barbárie são praticadas de modo corriqueiro? Nossa sociedade no seu todo, com raríssimas exceções deu asas aos seus instintos mais nefastos e monstruosos e isso é o que a matará.

Esse tempo atual no qual estamos mergulhados não surgiu pelo acaso ou a esmo, pequenas anomalias ali e aqui foram aos poucos tomando proporções cada vez maiores, doses homeopáticas de pequenos descuidos transformaram-se agora em gigantescos problemas que parecem não ter fim ou por nossa clara omissão ou por pura convenção de ambos os lados envolvidos. O fato é que o semblante das pessoas mudou radicalmente, pequenos e forçados sorrisos escondem muitas vezes preocupações, palavras jogadas para todos os lados já não são assim tão calorosamente recebidas por quem quer que seja, a ONU pouco ou quase nada faz quando se trata de apertar os cintos para que o piloto não suma de vez e deixe o avião sem controle; estranho esse tempo que idolatra a guerra, que se ajoelha perante criminosos contumazes, dirigentes cegos guiando cada vez mais cegos.

Assistimos de joelhos, impávidos a sanha belicista entre árabes e israelenses, russos e ucranianos, um universo sem fim de instrumentos de morte sendo despachados para esses dois eventos catastróficos que assolam o Planeta e deixam todos em alta tensão, ambos os lados incapazes de sentarem-se juntos para discutirem o melhor caminho para se terminar essa carnificina, todos os envolvidos estão ao sabor único e exclusivo do poder, um poder que não edifica, que não constrói, que não ajuda em absolutamente nada o atual estágio planetário. Essa violência toda é um insulto, ela não tem nada de libertadora, ela não agrega nada, a não ser mais violência, mais ódio, mais insatisfação, um mundo cada vez mais dilacerado por um invisível cada vez mais presente e impossível de ser detectado; é a hipertrofia do pensamento levado ao seu grau extremo de baixeza, a idade das trevas.

A razão belicista que vemos nesse momento, faz parte de um mundo por demais inconsciente dos perigos que podem estar chegando numa escala jamais imaginada, somos apenas humanos, não temos e nunca teremos um poder necessário para frearmos o uso de armas de destruição em  massa, essa ânsia por se livrar de armas letais e usá-las contra populações indefesas e inocentes é um crime inominável para toda a humanidade, quantos seres humanos sacrificados nesses últimos tempos nos altares do poder, do sistema econômico vigente, uma politica internacional míope, um mundo onde a desigualdade aparece a céu aberto e ainda temos a coragem de afirmar que alcançamos um estágio de vida incomparável, jamais visto por quem quer que seja. Essa implacável brutalidade cobrará cedo ou mais tarde o seu preço, ela nunca esquece, ela jamais perdoa.

Bioeticamente, de uma maneira ou de outra, todos nós, seres humanos, seres extra-humanos, o meio ambiente em geral, rios, mares e oceanos, somos insultados de maneira cínica pelo ganho a qualquer custo, ninguém está protegido, a precariedade da vida está infelizmente nas mãos dos incompetentes, verdadeiros imbecis especializados. Essa fé na violência, na guerra e no uso cada vez mais indiscriminado das armas, jamais será a solução, no fundo elas alimentam e ampliam ainda mais as catástrofes que aí estão; os milagres tão propalados pela modernidade não se concretizaram, bem ao contrário, ela criou monstros hoje indefensáveis e isso no correr da história vamos percebendo muito bem que foram os loucos, os ingênuos e os desprezados que construíram a Arca de Noé e já os sábios, os experts, os inteligentes, os que sabiam tudo, foram os que construíram o Titanic.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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