Publicada na revista conservadora Valeurs Actuelles no domingo, 9, esta carta surge três semanas depois de uma comunicação similar, na qual os militares advertiam que uma guerra civil estava se formando na França. Na publicação de domingo, eles voltam a falar em guerra civil: “Se explodir uma guerra civil, os militares manterão a ordem em seu próprio solo. A guerra civil está-se formando na França, e vocês sabem disso perfeitamente”.
Assinada por um grupo de oficiais e por cerca de 20 generais da reserva, o documento gerou grande polêmica. O primeiro-ministro da França, Jean Castex, a classificou de uma ingerência inaceitável, e o general de mais alto escalão da França prometeu punir os responsáveis.
Ao contrário da carta anterior, esta é aberta a novas assinaturas e, poucas horas depois de sua difusão, já havia recebido 36 mil adesões on-line. “Falamos da sobrevivência do nosso país, do seu país”, diz o texto, dirigido a Macron e a seu gabinete.
Os autores se descrevem como soldados da ativa da geração mais jovem das Forças Armadas, a chamada “geração do fogo”. “No Afeganistão, no Mali, na África Central, ou em qualquer outro lugar, muitos de nós experimentamos fogo inimigo. Alguns de nós perderam companheiros. Partiram para destruir o islamismo, ao qual vocês estão fazendo concessões em nosso solo”, criticam os autores.
“Quase todos nós vivemos a Operação Sentinela”, uma operação de segurança implantada após os atentados de 7, 8 e 9 de janeiro de 2015, para fazer frente à ameaça terrorista no território nacional.
“Vimos com os nossos próprios olhos os subúrbios abandonados, a conciliação com a criminalidade. Sofremos as tentativas de instrumentalização de várias comunidades religiosas, para as quais a França não significa nada, mas sim um objeto de sarcasmo, desprezo e até ódio”, completam.
País se prepara para as presidenciais
A carta foi publicada em um tenso clima político na França, antes das eleições presidenciais de 2022. Nelas, as pesquisas de opinião até o momento preveem que a oponente de Macron será a líder da extrema direita Marine Le Pen, que lidera o Reagrupamento Nacional.
O instituto Harris Interactive publicou uma pesquisa em abril que mostrou que, embora os entrevistados rejeitassem a ideia de que o país estivesse à beira de uma guerra civil, eles concordavam que as leis da república não se aplicam em todo o território (86%) ou que a violência aumentou (84%).
Essa foi precisamente a afirmação dos militares, que hoje sublinharam que o ódio contra a França e sua história se tornou “a norma” e argumentaram que, precisamente por serem apolíticos, sua análise é “profissional”.
“É uma afirmação de milhares de franceses e que deve ser levada a sério pelo Executivo. Alivia-me ver que o Grupo Nacional não é o único a chegar a essa conclusão. Não há apelo para o insurreição. Se houvesse, eu não apoiaria essa plataforma “, disse Le Pen na segunda-feira, 10.
Não houve nenhuma reação oficial de Macron, apenas uma resposta simbólica quando, em 8 de maio, em comemoração à rendição da Alemanha nazista em 1945, ele foi visto falando diante das câmeras com vários líderes das Forças Armadas, agrupados em torno dele. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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