Nesses seis minidocumentários, disponíveis na plataforma desde segunda-feira, 22, é possível entender melhor a história e os bastidores das criações de nomes como Ramana Borba, Jacy Carvalho, Papo de Preta, Os 10ocupados, Um Bipolar e Dois Por CentoTV. No centro da discussão, temas como esporte, dança, cultura, informação, música e comédia.
“É uma iniciativa mundial do YouTube na qual se tem buscado dar luz e prestígio aos criadores de conteúdo que com sua essência conseguiram alcançar seu próprio público”, explica o cineasta Licínio Januário, diretor ao lado de Thatiane Almeida. O roteiro ficou sob os cuidados de Toni C., roteirista do filme AmarElo é Tudo pra Ontem, e Milena Anjos.
No episódio do Um Bipolar, por exemplo, o espectador conhece detalhes de como o youtuber Biel construiu um império online por meio do canal Um Bipolar, derrubando preconceitos por meio do riso. Ramana Borba, enquanto isso, mostra detalhes de sua rotina caótica, cheia de eventos, aulas, gravações e até a disciplina de atleta — se consagrando em seu ramo.
“Apesar de terem estrutura semelhante, os episódios são muito diferentes uns dos outros, mas todos carregam muita sensibilidade, carisma dos personagens e sobretudo inspiração”, conta Thatiane. “Estamos falando de pessoas que usam todas as ferramentas possíveis para continuarem criando conteúdo mesmo em condições adversas ou desmotivadoras”.
Importância de ‘Creator Spotlight’
Além de trazer ainda mais luz ao trabalho desses seis criadores negros do YouTube, a série também é pioneira ao colocar dois realizadores pretos em um YouTube Original no Brasil. Ou seja: mais do que empoderar esses criadores, a Creator Spotlight acerta no que tem de mais importante no audiovisual ao colocar pessoas pretas contando histórias.
“É de suma importância que plataformas e empresas como YouTube reconheçam e motivem o trabalho de criadores pretos”, diz Thatiane. “As interações na internet refletem as estruturas sociais, e dessa forma, vemos ciclos cruéis se repetirem nos ambientes virtuais. Mesmo sendo a maior parte da população e terem conteúdos criativos e de qualidade na internet, criadores pretos não têm a mesma visibilidade que criadores brancos. Por isso, a existência de uma série que traz à tona toda a inteligência e capoeira que esse pessoal precisa jogar para se manterem vivos é crucial para motivar outras pessoas a fazerem seu próprio corre, sabendo que também podem ser reconhecidas, no mundo digital ou não”.
Para Licínio, que é natural de Angola, esse trabalho na série do YouTube tem ainda mais significados. “Além de ser criador e diretor preto no Brasil, sou também africano. Também sou um dos primeiros africanos a ter essa oportunidade. É de uma grande relevância”, diz o cineasta, natural de Angola. “Estamos falando de plataformas que fazem parte do nosso dia a dia. O YouTube vem aí como pioneiro nisso. Para nós, é muito importante porque estamos levando a voz dos nossos para o mundo. Essa é a intenção: que o mundo nos escute”.
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