Na noite do domingo (10), a Polícia Militar (PM) foi acionada para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pato Branco (PR). No local segundo o Boletim de Ocorrência (BO), um segurança da unidade teria sido agredido.
De acordo com o BO da PM, o homem que agrediu o segurança já tinha deixado o local quando a equipe policial chegou a UPA, enquanto que sua irmã, que se negou a prestar informações, foi conduzida ao 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), para identificação.
Esta não foi a primeira vez que um profissional foi agredido na unidade. Ao tomar conhecimento da situação, o prefeito de Pato Branco, Robson Cantu compareceu a UPA, onde conversou com os trabalhadores do local, e pessoas que aguardavam atendimento.
Cantu, ao lado do segurança agredido gravou um vídeo que foi publicado no Instagram do Município. Nele, o chefe do Executivo comentou a contratação de profissionais para a área de saúde, de declarou ainda “que não podemos ter maus elementos que venham aqui [UPA], querer agredir um profissional.”
Ainda de acordo com Cantu, na madrugada de sábado para domingo, foi registrado um caso “gravíssimo. Uma psiquiatra [dando a entender que uma profissional também teria sofrido ameaça], fez isso. Agora a noite, a mesma coisa”. Cantu também declarou que o Município vai proteger os profissionais de saúde.
O prefeito ainda usou como exemplo a declaração de uma mãe de paciente que, segundo ele, estava há cinco dias na UPA para atendimento. Cantu disse ter ouvido da senhora elogios quanto ao atendimento dos profissionais da unidade.
No mesmo vídeo, nos segundos finais, Cantu declarou que o Município sabia e tinha informações que iam querer fazer isso (agressão).
Secretária
Nessa segunda-feira (11), a caso da agressão ao segurança da UPA e algumas declarações feitas pelo prefeito seguiram repercutindo. Um exemplo, é de que na Câmara Municipal de Pato Branco, foi solicitado informações sobre os atendimentos na unidade.
Ao Diário, a secretária de Saúde, Lilian Brandalise lamentou o episódio da noite do domingo. E afirmou ainda que no momento do fato, a UPA não estava lotada, e sim, com atendimento corriqueiro.
Lilian esclareceu que o fato registrado na madrugada de sábado para domingo, não foi uma agressão ou ameaça da profissional da unidade, e sim um surto psicótico de uma pessoa em atendimento. “Não teve quebra-quebra. Ela apenas pegou os objetos cortantes e descartáveis e jogou para cima”, descreveu a secretária, falando que a paciente foi atendida nessa segunda, pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
“É um caso diferente da agressão da médica [registrado dias atrás], que foi por uma mãe, o registrado ontem [domingo]”, pontuou Lilian.
Ela atribui uma série de episódios emocionais a sequelas impostas pela pandemia de covid-19. “Emocionalmente pós-pandemia está muito complicado e na verdade não é só na UPA, nas Unidades Básicas [de Saúde – UBS], nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), também”, afirmou ao revelar que “a equipe vem relatando a falta de respeito das pessoas com a equipe, de xingar e querer ser atendido na hora.”
A secretária diz acreditar que os casos que estão sendo registrados são atribuídos as restrições impostas pela pandemia, ao que completou “vai demorar muito que as pessoas se reestabeleçam”. Lilian ainda declarou que “ninguém merece ser agredido e não deve ser agredido em seu local de trabalho. Tanto quanto também as equipes não devem desrespeitar os pacientes”, declarou ao completar, “o respeito é sempre uma mão de duas vias.”
Contudo, Lilian fez questão de destacar que no caso de domingo, e da médica, agredida em outra ocasião, é “preciso acolher a equipe e entender a fragilidade e como eles ficam após os episódios.”
Desestruturação
Lilian voltou a declarar que neste momento, onde os casos de covid-19 tiveram redução, mas que o momento econômico não é o mais favorável, os atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS) aumento. “Diante da crise [financeira], que se instalou as pessoas deixaram muito seus planos [de saúde], e isso faz com que aumenta as demandas nas unidades”, dando a entender que a atual estrutura de saúde pública no município é baixa, o que torna o atendimento deficitário, ao mesmo tempo em que fez questão de destacar uma série de atendimentos que são realizados que fogem da realidade de outras localidades, até mesmo da região.
A declaração feita por Cantu, onde relatou que uma paciente estava há cinco dias em atendimento na UPA também foi comentada por Lilian.
Conforme a secretária, a referência feita por Cantu é de uma paciente psiquiátrica, que estava em internação na UPA, aguardando vaga. De acordo com a secretária, existe uma dificuldade muito grande para conseguir regular uma vaga para atendimento psiquiátrico de mulheres no estado. “Quando ele [Cantu] se referiu a pacientes ficar cinco dias, não são pacientes de outras comorbidades e sim pacientes psiquiátricos”, explicou Lilian, que também comentou o comunicado feito através das redes sociais do Município, onde foi manifestado que “devido ao fato ocorrido agora na UPA, onde um segurança foi agredido e ficou ferido, a partir de hoje (10/04) serão atendidos apenas urgência e emergência. Os servidores estão sentindo-se inseguros, por mais que a segurança esteja reforçada”
Questionada pelo fato de que a UPA tem como finalidade somente atendimento de urgência e emergência, e que no auge do enfrentamento da pandemia, foram realizados ajustes no atendimento do sistema de saúde, Lilian justificou a publicação foi feita apenas devido ao abalo emocional dos profissionais naquele momento e sentenciou, “a finalidade da UPA é atender urgências e emergências, respeitando a classificação de Manchester [que estabelece cores, de acordo com a gravidade do caso].”
O Diário também buscou junto ao Município explicação sobre a declaração do prefeito quanto a ciência de que agressão iria ocorrer na UPA. Contudo, diante de manifestações feitas pelo próprio prefeito, que voltou a declarar imprensa do bem e do mal, e pelo fato do chefe de Gabinete, Augustinho Rossi, ter declarado por meio do Departamento de Comunicação que somente responderia aos questionamentos presencialmente, tal manifestação não foi possível até o fechamento desta edição.
Leia também
Bom dia. Quero dar também declarar aqui. Estive na por várias vezes. Estive aí também em caráter de assistência médica. Em função de um caso sério de arritmia. Fui sempre atendendo. Agradeço a todo momento. A Deus pelos profissionais da Upa de Pato Branco estar sempre muito dispostos a me assistir. Eu Chamo. ” Meus Anjos da Upa”