O período mais difícil aconteceu no início da pandemia, ainda em 2020. Foram dois meses totalmente longe da água. A natação, por suas características, acabou se tornando uma das modalidades mais afetadas pela pandemia. Piscinas de clubes e academias permaneceram fechadas durante boa parte do ano passado.
“Logo quando fechou tudo, ficamos dois meses sem cair na água. Depois conseguimos uma piscina de um condomínio e fomos nos adaptando. Mas era piscina de 15 metros, não eram as condições ideais. Tem um colega de equipe que tem um sítio, com um açude de uns 60 metros e a gente improvisou lá. Juntou uns cinco amigos e ficamos uns dias lá treinando no açude mesmo. Treinamos do jeito que dava”, revelou o nadador, após subir ao pódio olímpico.
Em casa, como virou rotina com quase todos os atletas de alto rendimento, Scheffer improvisou uma academia. “Eu aluguei uns pesos de academia improvisada na garagem de casa. Aluguei uma bike de spin para pedalar em casa. Nos viramos do jeito que dava”, lembrou o atleta do Minas Tênis Clube.
Para Scheffer, enfrentar e superar estes obstáculos fortaleceu sua confiança. “Foi um ciclo (olímpico) bem complicado. A gente passou muitos meses sem treinar. Depois voltamos a treinar, mas as piscinas voltaram a fechar de novo. Tivemos que nos adaptar como dava. Sempre colocamos na cabeça de trabalhar com as ferramentas que a gente tinha. Dá o nosso melhor com o que a gente tinha nas mãos. Passar por tudo isso só nos fortaleceu, nos deixou cascudos para saber que somos capazes de muita coisa. Somos muito melhores que a gente pensa.”
Aliviado pela conquista, ele agradeceu pelo apoio recebido desde o início de sua caminhada na natação. “O sentimento que me preenche agora é gratidão. Estou muito grato. Teve muita que esteve comigo durante todo este tempo, todos os treinadores, preparadores, fisioterapeutas, médicos, colegas de treinos, adversários, família e amigos. Todo mundo que torceu e mandou boas energias. Ficaram acordados até tarde para torcer. Hoje todo mundo nadou comigo. Não fui só eu. Essa medalha é de todo mundo.”
Com o bronze conquistado na noite de segunda-feira, pelo horário de Brasília (já terça no Japão), Scheffer somou a 14ª medalha brasileira na natação olímpica. De quebra, encerrou um jejum para a modalidade, que passou em branco nos Jogos do Rio-2016. As últimas medalhas brasileiras foram obtidas por Cesar Cielo (bronze nos 50m livre) e Thiago Pereira (prata nos 400m medley) em Londres-2012.
O nadador gaúcho ainda finalizou um jejum dos 200m livre. O Brasil não subia ao pódio nesta prova há 25 anos. Em Atlanta-1996, Gustavo Borges faturou a prata nesta distância. “É uma honra poder repetir o feito do Gustavo Borges, que é um ícone da natação do Brasil. Essa prova vem crescendo muito no nosso País e espero poder inspirar as pessoas como o Gustavo me inspirou”, disse Scheffer.
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