Nunca mais quem? O quê?

​Parece que as muitas brincadeiras de querer ser o supra sumo sobre tudo é a nova tendência de alguns que se julgam donos e senhores do mundo, quando olhados mais de perto pelas lentes acuradas da razão, bem como pelas atitudes nesses dias sombrios, não podemos deixar de perceber que o que eles mais querem é o poder e nada mais, o território sem lei em que se transformou o mundo é terreno fértil para conquistadores baratos, suas alucinações bem organizadas diga-se de passagem são um chamariz atrativo para os mais desavisados e ainda por cima incautos e o pior de tudo, crédulos em quimeras. Aqui e lá temos os que pensam ter a fórmula para a cura do mundo, quando na verdade ela está ao nosso alcance, em nossas mãos; a onda negativista que permeia o Planeta, nos faz tremer, quando muito somos meros expectadores sem voz, sem vez e sem nada, um grão de areia.

​Amanhã dia 06 de agosto, cada um de nós em algum momento do dia, deveríamos fazer um momento de silêncio, evocar a nossa fé e dirigirmos uma súplica confiante pedindo a paz no mundo inteiro, será um dia muito especial e de triste lembrança, afinal amanhã dia 06, fazemos memória dos oitenta anos do lançamento da primeira bomba atômica sobre Hiroshima e logo depois, a segunda dia 09 em Nagasaki. Poucos dias antes, dia 16 de julho de 1945, aconteceu o primeiro teste nuclear da história,precisamente as 5h29 da manhã, o ser humano deu um passo gigantesco para a destruição em massa, seja do próprio ser humano, seja da terra toda; esse novo tipo de arma teve e continua tendo um custo muito alto para todos nós; o mundo nunca mais foi o mesmo com o advento desse novo tipo de morte, o homem tornou para si mesmo e os outros, o destruidor de tudo e também de todos.

​Sabemos bem que o mundo ao invés de melhorar com essa nova arma (haja vista o seu hipotético poder de dissuasão nela embutido), ficou ainda em muitos momentos muito pior, uma corrida tresloucada, uma paranoia tomou conta de alguns para se ter a melhor e mais destrutiva bomba, quantos testes foram realizados, deixando locais devastados por muitos e milhares de anos, uma quantia inimaginável de dinheiro jogado no lixo apenas para assistirem uma enorme bola de fogo espalhando medo e destruição, nunca o ser humano foi tão maldoso, como depois de 16 de julho de 1945 e muito pior ainda depois de 06 e 09 de agosto. Auschwitz, Hiroshima, Nagasaki e muitos outros mais, é o modelo da morte instantânea, insanidade e bestialidade levados ao grau extremo; esses três exemplos trágicos de barbárie, em hipótese alguma podem cair facilmente nas teias do esquecimento.

​Hoje como ontem, o mundo encontra-se numa encruzilhada, em nome da paz, elege-se a guerra como o caminho mais fácil para a solução dos graves problemas que afligem a humanidade, quando estamos fartos de sabermos que isso jamais foi ou será a solução, vozes em nome da paz, do diálogo, da razão e cordialidade, são brutalmente silenciadas e na maioria das vezes postas de lado com mentiras de todo tipo, difamações, nunca na história a mentira foi tão bem usada como nos dias atuais, nunca foi tão fácil mentir como hoje, nunca em nossas vidas a mentira foi grandemente eloquente e tida como a verdade última em muitos setores, lugares esses pobres de vida, insignificantes em termos de compaixão e vazios de qualquer espírito comunitário; de estarmos sendo bombardeados por diversas mentiras, acabamos esquecendo facilmente que no mundo há coisas boas.

​Bioeticamente, passamos por momentos bastante conturbados, de uns tempos para cá perdemos diversos pontos de referência, ser medíocre nessa hora parece ser a palavra da vez, a última verdade, uma postura que em muito agrada os oportunistas de plantão, corremos riscos desnecessários, mas isso é apenas um ou outro que grita a plenos pulmões, o modelo atual de gerir o bem comum é o da imbecilidade especializada, ineficiente e inescrupulosa, quando deveríamos ter mais conhecimento sobre a nossa existência, é o momento onde ela mais nos falta, mais nos abandonou e por nossa própria culpa; os horrores do séculos XX não nos abandonaram, deram apenas uma trégua, disso estamos muito esquecidos e muito preocupados com as diversas banalidades que nos dão a impressão de onipotência, força e sustentabilidade, quando é o contrário o verdadeiro.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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