Dizem que a história da medicina iniciou quando alguém começou a lavar as mãos regularmente. Muitas doenças infecciosas nos ameaçam. Mas não são elas que nos pegam – literalmente – nós as pegamos. Especialmente com as mãos. Aí se originam os surtos das diversas moléstias, que se propagam por contágio. Não são apenas as doenças que nos contagiam. Tudo na vida é contagioso. Especialmente o mau humor.
O executivo de uma multinacional gritou com um gerente de uma filial. Ele estava nervoso e as vendas não eram boas. Chegando em casa, diante de um farto almoço, reclamou contra a esposa que estava gastando muito. A mulher gritou contra a filha porque suas notas escolares estavam abaixo da crítica. Esta descarregou sua raiva contra o irmão menor, pois curtia um som muito alto. O recurso deste foi chutar o cachorrinho, que pouco depois mordeu a perna da vizinha. Entrando na farmácia, a senhora reclamou da demora e do preço. O farmacêutico, regressando ao lar, reclamou porque o almoço ainda não estava pronto.
A reação em cadeia poderia continuar. Mas alguém colocou um ponto final. A esposa do Executivo, depois de elogiar a elegância da filha e afagar os cabelos do irmão, telefonou ao esposo. Havia entrado uma quantia em dinheiro, considerado perdido, e sugeria que fossem, com os filhos, jantar fora. Não longe dali, o farmacêutico saudou, alegremente, seus funcionários e, à noite, levou um buquê de rosas para a esposa.
Existiram duas cadeias opostas, a primeira assumiu a irritação e a intolerância. A segunda optou pelo perdão, pela alegria e pelo amor. Mas alguém teve de tomar a iniciativa. Mesmo magoada, a pessoa pode sorrir, dar sinal de que o incidente foi superado. Pode restabelecer um clima cordial onde todos ganham. O Evangelho garante que “aquele que aceita perder, vai ganhar” (Mc 8,35 ). É ainda o Evangelho que aponta a beleza do perdão, dado e recebido. Perdoar é a única maneira de zerar o mal e iniciar vida nova. A meteorologia, cada vez com mais eficiência, nos previne sobre o bom e mau tempo. Na realidade, o bom ou o mau tempo também estão dentro de nós. Há pessoas que anunciam mau tempo permanente, um céu escuro, trovoadas e tempestades. Outras anunciam o bom tempo. São pessoas agradáveis, tolerantes, que sabem sorrir e elogiar. Há pessoas em permanente inverno, outros anunciam a primavera.
Todos necessitamos de encontros bons e verdadeiros, onde dividimos muito mais do que tempo e espaço: é o que nos proporciona a sensação de presença, nos faz sentir acolhidos. E vamos concordar que o acolhimento faz um bem danado em qualquer momento da vida! Quantas vezes cruzamos com o outro e, imersos na urgência dos dias ou com amargura no coração, sequer nos permitimos um papo rápido, um abraço? Saiba que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço, este espaço gostoso onde todos gostam de estar.
A vida é curta demais para ser gasta com amarguras. E sorrir – mesmo diante da dificuldade – é um gesto de amor. Saber encontrar o riso, mesmo em situações difíceis ou aborrecidas, nos ajuda a seguir na vida com mais leveza, com mais amor. E o amor, também, é contagioso.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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