O autodescobrimento e o eu maior

Lecionando em Universidades renomadas no hemisfério norte, reconhecido filósofo e professor relatou, em palestra pública, um episódio que se repete ao longo de sua carreira acadêmica.

Todos os anos, lá pelo meio do curso, é procurado por alguns de seus alunos que informam que irão dedicar um ano sabático para seu autodescobrimento.

Mencionam, invariavelmente, que planejam ir a lugares com suposta aura de espiritualidade, como Machu Picchu, Índia ou Tibete e gostariam de saber a opinião do eminente professor.

Sua intrigante resposta aponta que acredita ser uma boa ideia que eles busquem esses ou outros lugares.

No entanto, frisa, de forma enfática, que o eu maior não é algo que se encontra em um lugar qualquer. Ele está em cada um e sua construção exige atitude e tomada de decisões nem sempre fáceis, mas necessárias.

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A filosofia e as religiões, em todos os tempos, estão repletas de observações a respeito do autodescobrimento e do aperfeiçoamento desse eu maior, que é o Espírito imortal que somos.

Espírito que existe antes de nascermos e sobrevive à morte do corpo físico, guardando em si as experiências vividas e os progressos feitos.

Nos Evangelhos colhemos a recomendação de Jesus para que façamos brilhar a nossa luz. Ou seja, iluminemos o gérmen divino presente em nós.

Isso sugere nos desvendarmos de dentro para fora, pois Jesus também afirmou: O reino de Deus está dentro de vós.

Na filosofia, uma das mais notáveis máximas que conhecemos é aquela que estava presente no templo de Delfos, dedicado ao deus Apolo, na Grécia do século IV a.C.: Conhece-te a ti mesmo.

Sinaliza, portanto, que vive em nós uma essência superior que precisa ser entendida com profundidade.

Uma essência muito maior do que a nossa atual personalidade, com a qual nos manifestamos nos diferentes papéis na existência corpórea e que, ainda, não representa todo o potencial do nosso Espírito.

Para evoluirmos, nos é exigida uma maior compreensão da vida e de nós mesmos, em contínuo esforço de aperfeiçoamento.

Assim, diferentemente do que pensam os alunos do professor, os lugares que visitamos e até mesmo o local em que vivemos, não proporcionam nosso autoencontro.

Podem, sim, nos propiciar questionamentos íntimos mas nosso aprimoramento depende das atitudes que tomamos na vida de relação.

Para isso, podemos nos servir de instrumentos saudáveis ao nosso dispor, como a filosofia, a cultura, a arte, a ciência ou a religião.

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Conhecer-se é tarefa inadiável na nossa existência.

É desnudar a gema do ser íntimo como o lapidário faz com a pedra preciosa, para que brilhe com todo o esplendor.

Um modo prático de fazê-lo é analisar, ao final de cada dia, os nossos atos, submetendo-os ao exame da consciência, para poder identificar as nossas falhas, a fim de corrigi-las.

Somente assim, conhecendo-nos e esforçando-nos por domar os maus hábitos, heranças ancestrais do nosso processo evolutivo, moldaremos nosso Espírito, permitindo que expresse seu intenso brilho.

 Redação do Momento Espírita

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