ATENÇÃO, SENHORES EDITORES: MATÉRIA COM EMBARGO. PUBLICAÇÃO LIBERADA A PARTIR DE DOMINGO, DIA 11 DE JULHO DE 2021.
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Em junho, os investidores brasileiros ganharam uma opção para investir em bitcoin na B3. O primeiro ETF (fundo de investimento negociado em Bolsa que acompanha um índice) 100% focado na maior criptomoeda, o QBTC11, foi lançado no dia 23 pela QR Asset Management, gestora de recursos da holding QR Capital.
Para Fernando Carvalho, presidente da QR Capital, o lançamento do fundo é uma maneira de formalizar o mercado de criptomoedas no País. “Entendemos que o produto de Bolsa talvez seja o último nível de segurança para o investidor (que tem interesse em bitcoin)”, diz ele. A seguir os principais trechos da entrevista concedida por Carvalho ao “Estadão”.
O que motivou a criação do fundo de bitcoin QBTC11?
A ideia surgiu em agosto do ano passado, quando notamos uma situação regulatória favorável para os criptoativos. No ano passado houve muito crescimento dos fundos multimercado no Brasil. A evolução natural seria migrar para produtos listados. Essa inovação é mais um passo para a formalização do mercado de criptoativos no Brasil. Entendemos que o produto de Bolsa talvez seja o último nível de segurança para o investidor (que tem interesse em bitcoin) e conseguimos dar acesso às cotas do fundo para pequenos investidores.
Até o lançamento do fundo, a QR Asset só trabalhava com investidores qualificados. Por que lançar um produto para o investidor de varejo?
No caso dos fundos multimercado, existe uma limitação regulatória. Os fundos para o varejo estão limitados a um teto porcentual do patrimônio. Se decidíssemos lançar um fundo nesta categoria, ele não seria um produto 100% cripto. É mais complicado abrir esse tipo de veículo. Temos um segundo caminho, que é fazer um fundo para o investidor comum limitado.
Por que o fundo investe somente em bitcoin em vez de diversificar com outros ativos digitais?
O bitcoin é o principal ativo do mercado e está em um grau de maturidade diferenciado. Em termos de liquidez e segurança, é uma rede que já se provou. A maturidade do mercado cripto ainda não é suficientemente boa para um índice (mais diversificado). Os índices cripto globais carregam ativos que nem sempre têm os melhores fundamentos. O principal exemplo é o da criptomoeda dogecoin. Ela não tem nenhum tipo de fundamento, mas chegou a ser um dos dez maiores criptoativos desse mercado neste ano e quase chegou a integrar índices relevantes.
Nos EUA, os ETFs de criptomoedas ainda não foram aprovados. Como explicar essa situação?
A SEC (órgão regulador equivalente à CVM) tem um nível alto de conservadorismo. Existe preocupação com a proteção de pequenos investidores. O principal argumento da autarquia é que o tamanho do mercado de criptoativos o torna sujeito a variações especulativas. O bitcoin é altamente volátil. Mas há um erro nessa posição da SEC. O mercado das exchanges (corretoras especializadas) já é gigante, inclusive nos EUA. Cerca de 15% da população americana declara ter algum investimento em criptoativos. Não é o veículo que vai garantir a proteção do investidor. Ele já compra os ativos.
Em maio, o bitcoin teve queda acumulada de 39%. Quais fatores impactaram o preço?
O principal foi a realização dos lucros. O bitcoin saiu de US$ 6 mil, em abril e maio do ano passado, para US$ 65 mil neste ano. É normal que investidores que estão carregando posições, e têm ganhos de dez vezes, comecem a realizar seus lucros. O segundo ponto é a questão da regulação na China, que proibiu a mineração de bitcoin. A soma desses dois fatores gerou essa correção. Esses ajustes são normais no mercado. É um ativo de alta volatilidade. Mas numa perspectiva de longo prazo, o preço do bitcoin, em um tempo de três anos, vem se mostrando um excelente investimento ao longo dos seus 12 anos de história.
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