Fernando Ringel
Como até ateu se anima em véspera de feriado religioso, o Natal foi de festa para todo mundo. Tem quem goste da decoração nas cidades, dos presentes, da comida, e aos que preferem emoções fortes, têm ainda as reuniões familiares, que esse ano estiveram mais vazias porque muito “tio do pavê” passou a ceia nos quarteis. Já para o pessoal da confusão, nunca falta assunto: pode-se escolher entre os crimes cometidos em nome das religiões, debates sobre a impossibilidade de Jesus ter nascido loiro ou simplesmente, falar sobre política.
É por essas e outras que existem temas amenos, como o tal “bom velhinho”, de roupa vermelha, barba e da árvore decorada com uma estrela no topo. Trata-se de um “senhorzinho” que não tem problema com grandes multinacionais, como a Coca Cola, que inclusive é de onde vem as cores da sua roupa. Mas com tanta gente por aí, como é que ele não se esquece de ninguém? Para espanto de muitos, “seja rico ou seja pobre, o velhinho sempre vem”! Eis o tipo de assunto que até funciona nas ceias. Porém, se teve muito tio ausente, não falta “primo do pavê” para falar que, ”na capital do Rio Grande do Norte, todas as árvores são de Natal”, ou para protesto dos antipetistas, que o “bom velhinho” tem mesmo barba branca, mas é nordestino e se chama Lula.
Presentes trocados
Enquanto todo mundo repara no vermelho, o Brasil teve apenas o Noel… Rosa. E nas festas de fim de ano, todos ficam como naquele samba: “com que roupa eu vou”? Então, é com a troca dos presentes de Natal que se inicia a semana mais estranha do ano, em que “todo dia parece terça-feira”.
Enquanto uns vão pessoalmente nas lojas, outros preferem a troca pela internet. Aí, sobra para o pessoal das entregas, como em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde um motociclista fez tanto “randandan” que acabou levando um tiro de raspão na cabeça. E quando se acha que apenas um deles incomoda, imagine como está sendo em Terezina, Piauí, onde os motoqueiros fazem “rolezinhos” pelos bairros, incluindo acrobacias e barulheira. Nisso tudo, ninguém sabe se era problema no trenó ou nas renas, mas um Papai Noel foi multado por andar de moto, usando só uma touca. Além de não ter habilitação e capacete, acabou preso após perseguição pelas ruas de Boa Vista, Roraima. Sendo assim, daí para frente, as entregas de presentes precisaram de ajudantes. Talvez seja o caso do vice-prefeito, Henrique do Paraíso (Republicanos), de Sumaré, São Paulo, que teve a “brilhante” ideia de distribuir garrafas de cachaça para a população. E para exemplificar como esse país produz memes e notícias malucas aos montes, em Americana, interior paulista, um casal entrou em uma casa e roubou… um cachorro Pit Bull! Ao menos eles não tem preguiça, assim como o homem que viralizou por pescar nas ruas alagadas de Camboriú, Santa Catarina. Para quem estava na esperança de conseguir uns camarões, pegou muita barata, um ou outro rato e, vá lá, alguns peixes.
Enfim, é o povo dando o seu jeito nesse país cheio de causos. Na política, fica o aprendizado de que, ruim é o uso do governo para fins eleitoreiros, independente do partido no poder. Para a esquerda, muita calma e sabedoria para não se perder na euforia e, para a direita, fica a lição de que auxílios sociais são necessários, podendo inclusive ajudar a economia. Caso esta lição seja ignorada, em 2026, vai ter mais paródia com música da cantora Simone, e aí não adianta chorar: “o ano termina e Inácio outra vez”.
Professor e comunicador
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