“Somos um tribunal, nenhum juiz atingido aqui no desempenho de seu cargo é atingido isoladamente. Qualquer afronta atinge todos”, disse a ministra. No feriado do 7 de Setembro, aniversário da Independência do Brasil, Bolsonaro chegou a dar um ‘ultimato’ a Fux, ameaçou descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de Moraes, relator de investigações que atingem a base bolsonarista e o próprio chefe do Executivo, e pedir sua destituição.
“Atos de afronta à autoridade de decisões judiciais não se voltam singelamente contra o STF, voltam-se contra a democracia, aqui ou em qualquer lugar no planeta, como lembra sempre o ministro Luís Roberto Barroso. Não se afronta a autoridade do Judiciário, afonta-se a autoridade de constituições”, respondeu Cármen Lúcia sem citar nominalmente o presidente. Ela afirmou ainda que o ‘Brasil é mais que uma pessoa ou um ato de voluntarismo’.
Em seu discurso, a ministra disse que o Supremo Tribunal Federal ‘não se destrói, não se verga, não se fecha’ e continuará seguindo o compromisso de ‘buscar a verdade processual em tempos de mentiras’. “Mentiras que adoecem cidadãos incautos, que matam pessoas porque não podem matar a ciência, que molestam a economia, que comprometem a sanidade institucional”, disparou.
Cármen Lúcia também saiu e defesa da democracia e afirmou que a ordem constitucional afasta o modelo de sociedade em que ‘alguns feixes cívicos sobreponham-se e imponham-se como se fossem todos’. “Cabe, neste momento, garantir o efetivo cumprimento da Constituição democrática de Direito de uma sociedade que seja justa, livre e solidária”, defendeu.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, também pediu a palavra e cumprimentou Fux pelas ‘tormentas’ enfrentadas como presidente do Supremo. “Nós temos, ao lado da cadeira de Vossa Excelência, buscado contribuir modestamente para que a sociedade brasileira e o Estado mantenham um grau de estabilidade institucional devido e adequado”, disse o PGR.
Comentários estão fechados.