O começo é apenas a metade do todo

​Estamos assistindo nos últimos dias a importantes eventos globais que muito nos fazem pensar sobre o hoje e principalmente sobre o amanhã, há fortes engajamentos emocionais que a primeira vista causam espanto e até mesmo horror, tamanha a ousadia em se querer estar acima de tudo e de todos, o alarme vem sendo dado faz algum tempo, mas parece que os responsáveis por levar a humanidade adiante não estão devidamente a altura do que a missão exige, no mais das vezes eles tem se revelado seres minúsculos que estão de costas para o que realmente interessa a todos, há muitos caminhos, mas todos estão muito mal sinalizados, tudo parece, mas nada está na sua devida ordem, ingenuidade total falar que no mundo atual não há crise, quando se tem uma policriseplanetária, como bem definiu Edgard Morin; há ideia demais e uma falta absurda de certeza.

​ A primeira falta de certeza está em relação direta para com a política atual, ela foi cooptada por todos os tipos de forças imagináveis, a sua já famosa incompletude, tornou-se de vez um campo minado para os oportunistas de plantão, para esses o quanto pior melhor, o silêncio da política para o que está acontecendo envergonha de morte aqueles que um dia fizeram por ela muito mais do que imaginamos, há muita retórica, bravatas midiáticas que se confundem com o espirito político verdadeiro que deveria permear nossas vidas em busca do mesmo bem comum. Essa nova política que aí está, tem elegido deuses que incham nossas mentes com ideias já muito desgastadas pelo tempo e que num passado recente levou a humanidade a grandes perdas; por isso uma descrença geral na política, nos seus atores altamente midiatizados, expressivos nas bravatas, nas aparências.

​Essa mesma onda histérica e política lida muito mal com outra problemática universal que é o meio ambiente, as diferentes crises climáticas e suas consequências devastadoras e desafiadoras ao mesmo tempo, a cultura atual totalmente voltada para os espetáculos retumbantes, com suas imagens vazias ao mesmo tempo, a técnica do parecer ser, de dar a impressão, de se sentir útil, quando na verdade nas entrelinhas notamos a vulgaridade em seu estado bruto, acredita-se que tudo pode se resolver em meros passes de mágicas verdadeiras ingenuidades que nem as crianças suportam mais, numa cultura onde proezas imediatas iludem todos os sentidos, fica difícil mostrar que o meio ambiente é peça vital em nossas vidas, facilmente esquecemos que todas as enxurradas que aí estão, elas cedo ou tarde mostrarão que os nossos excessos não servem para nada, a não ser nos enganar.

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Falando de ingratidão

​ Estamos sendo levados a crer que todos os sacrifícios que temos de enfrentar e superar estão nas telas e nada mais, não estão mais na vida real de cada um, do seu trabalho, no seu lazer, no seu projeto existencial, achamos que estamos no comando, quando na verdade estamos descartados do projeto informacional verdadeiro, temos a sensação de termos liberdade, mas isso é desmentido em pequenos atos e gestos cotidianos banais da nossa mísera existência, querem nos fazer acreditar que só com mais razão, progresso e técnica tudo irá ser resolvido, quando na verdade essa tríade tem nos dado muitas dores de cabeça, vozes esparsas aqui e ali nos alertam, mas essas tem pouca ou nenhuma influência sobre a nossa já tão desgastada e cansada vontade própria, preferimos que outras inteligências pensem e decidam por nós, um risco imenso e perigoso.

​Bioeticamente, muitos pensam em nada, nota-se uma tendência cada vez maior de facilmente cairmos nas conversas moles  dos salvadores plantonistas, sempre muito bem vestidos de simplificadores da verdade, aqueles que se apresentam como os melhores, os ungidos como novos deuses e conquistadores de um mundo distante da realidade, esses novos conquistadores não levam em conta nada nem ninguém, são apenas senhores de si mesmos, posse, domínio, expansão a qualquer custo, são apenas algumas palavras que estão no seu parco repertório. Esses novos e autoproclamados senhores do mundo veem tudo e todos apenas como números, códigos, estatísticas, valor monetário que cada um pode gerar. O poder e a dominação que tentam impor, os tem deixados cegos diante da compreensão do incompreensível e do imprevisível, explorados e exploradores igualmente.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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