O compreensível não é toda a existência, é somente o compreensível.

​Estamos muito próximos de comemorarmos o 203º aniversário da “Independência do Brasil”, uma data realmente de extrema importância para qualquer um de nós, especialmente nesse momento único da história, com tantas voltas e reviravoltas que dão o que pensar: Onde estamos? Por que estamos aqui desse jeito? Onde queremos chegar de fato? O que temos feito até agora está correto? Tudo que aí está é suficiente para adquirirmos uma vida digna, próspera e com vitalidade também para as gerações futuras? Nosso querido e amado Brasil, tão fascinante, tão cheio de encantos e que também nos inunda de perplexidades, muitas delas nos são familiares, mas a sua grande maioria nos sendo estranhas e até mesmo perigosas; nosso portentoso Brasil, muitas vezes tão cheio de si, cria panaceias para tudo e todos, mas ao mesmo tempo tão carente e tão mesquinho.

​O Brasil por ser um país maravilhoso, está sempre no centro dos principais acontecimentos mundiais, o Brasil e o restante das nações possuem uma ligação estreita, esse país nunca seria o que é sem a ajuda de tantas e tantas pessoas que vieram de longe e aqui fixaram morada, esse país incrível, jamais seria  o que é, sem a criatividade inigualável do nosso povo e dos povos que se juntaram a nós, nosso querido país sempre abraçou o diferente, às vezes até com um exagero desmedido, diga-se de passagem, mas ele nunca refutou, nunca expressou o desejo que os estrangeiros fossem embora daqui, o Brasil não tem essa vocação mesquinha de tirar de cena quem veio para cá e tanto fez, o Brasil não costuma cortar laços com pessoas de bem, somos gratos e dizemos sempre muito obrigado aos estrangeiros que abraçaram essa terra abençoada e digna de se viver.

​Hoje, quando vemos qualquer tipo de noticiário não deixamos de nos preocupar, afinal está ocorrendo um movimento a nível planetário de querer mostrar que o estrangeiro é um ser perigoso, ameaçador, que requer extrema cautela e de preferência que fique longe de nós ou até mesmo que morra em algum lugar qualquer, são tantos os exemplos macabros que nos chegam, realidades que estão muito próximas de nós, mas que fingimos não existir ou pior ainda, que isso não é da nossa conta, ledo e profundo engano esse pois as imagens proliferam, invadem e conquistam espaço, o nosso “mundo real” concorre com as insistentes ilusões que criamos e acreditamos ingenuamente que podem nos blindar do pior, o instante aí está, único, irrepetível, não podemos continuar só imaginando fantasias, deixando-nos guiar por instrumentos que prometem demais e até agora fizeram pouco.

​Voltando às comemorações do 203º aniversário da “Independência do Brasil”, não podemos continuar a perpetuar a cultura do silêncio, do faz de conta, do império da lógica messiânica que tudo pode resolver sem a nossa colaboração, no linguajar popular costumamos com frequência ouvir que, “não existe almoço ou jantar grátis”, assim é na vida cotidiana, nem tudo pode ocupar os nossos sonhos megalomaníacos, nada que façamos sozinhos, absolutamente nada do que planejarmos construir sem a ajuda dos outros se sustentará por muito tempo no espaço; já possuímos exemplos de sobra de que as aparências, o brilho desmedido, o efêmero, a lei do menor esforço, os discursos vazios e ocos duram muito pouco; muito em voga hoje é querer ser ignorante e se distanciar do mundo para obter a salvação, mas isso jamais será verdade, precisamos estar por dentro.

​Bioeticamente, o 203º ano de “Independência do Brasil”, tem muito a nos dizer, o Brasil é uma parte do todo, aliás uma parte muito importante, especialmente para nós que fazemos parte do seu itinerário, pois de cada um de nós dependerá não só o seu presente, como também o seu futuro, temos uma mania de pensar só nesse futuro que nunca chega e se às vezes chega, já chega com uma atraso medonho, não nos fixemos tanto nas vaidades vindas de fora, essas podem nos ferir e até matar caso não estejamos atentos (também aqui temos exemplos). Nosso belo e amado Brasil não merece de nós os restos, as migalhas, a regressão, nosso país é gigante demais, não merece nunca ser tratado com desrespeito, especialmente por nós brasileiros; ele não é o melhor e nem o pior país do globo, mas é aqui que nos foi dada a oportunidade de sermos melhores e mais humanos. 

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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