Neste sábado, 24 de junho, festejamos a natividade de João Batista, filho de Isabel, anciã e estéril, e Zacarias, o mudo, porém, um casal justo temente e obediente aos mandamentos de Deus. Nasceu um homem enviado por Deus: o seu nome era João. Veio dar testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo bem disposto a recebê-lo. João Batista, o último dos profetas que veio para indicar à humanidade o Cordeiro de Deus – Jesus Cristo – o Salvador, que tira o pecado do mundo. João Batista é o único santo, além da Mãe de Jesus, Maria, de quem se celebra, com o nascimento para o Céu, também o nascimento segundo a carne.
Foi o maior entre os profetas. Sua vocação profética desde o ventre materno reveste-se de acontecimento extraordinário, repletos de júbilo messiânico, que prepara o nascimento de Jesus. Ele é o Precursor de Cristo pela palavra e pela vida. Vamos, agora, ao texto do Evangelho de São Lucas (cf. Lc 1,57-66.80) para percebermos como se deu esse fato único, e que foge à lógica humana. Isabel e Zacarias, idosos, deram à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. Isabel, porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. Zacarias escreveu na tabuinha confirmando o que sua esposa já dissera: “João é o seu nome”, ou seja, “Deus fora misericordioso”.
Extraordinário nascimento
No Século V, Santo Agostinho (354-430), escreveu num de seus Sermões, na Solenidade de São João Batista, a importância extraordinária deste nascimento: Diz que “a Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente. João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem”.
Agostinho traça um paralelo entre os dois Testamentos e a unidade estabelecida com o nascimento do Batista: “João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até João Batista (Lc 16,16). Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos; porque anuncia o Novo Testamento, é declarado profeta ainda estando nas entranhas da mãe. Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele. Por fim, nasce. Recebe o nome e solta-se a língua do pai”.
João é a voz no tempo; Cristo a voz eterna!
O bispo de Hipona, finalmente, descreve as razões pelas quais Zacarias ficou mudo e perde a voz até o nascimento de João e só então volta a falar: “Que significa o silêncio de Zacarias? Não seria o sentido da profecia que, antes da pregação de Cristo, estava, de certo modo, velado, oculto, fechado? Mas com a vinda daquele a quem elas se referiam, tudo se abre e torna-se claro. O fato de Zacarias recuperar a voz no nascimento de João tem o mesmo significado que o rasgar-se o véu do templo, quando Cristo morreu na cruz. Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua, porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: Quem és tu? (Jo 1,19). E ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto (Jo 1,23). João é a voz; o Senhor, porém, no princípio era a Palavra (Jo 1,1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna. Pedimos ao Senhor nesta solenidade: Enviai mensageiros do Evangelho à Igreja de Palmas-Francisco Beltrão. São João Batista, rogai por nós!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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