Ana Carolina Peuker
Onde você lê ‘ritual’, tente substituir por ações e comportamentos coordenados de caráter ordinal e sequencial. Todos nós temos um ritual, certo? Provavelmente você segue uma determinada ordem para vestir as meias e os sapatos (meia-sapato-meia-sapato ou meia-meia-sapato-sapato?) para começar a cozinhar, para lavar a louça, para estudar para uma prova e para tantas outras coisas.
É verdade que muitos desses rituais não têm uma finalidade real, mas algumas de nossas ‘manias’ que parecem despretensiosas, podem surpreendentemente melhorar o nosso desempenho em atividades que exijam concentração e foco.
Pense aí: antes de começar a trabalhar ou estudar, é bem provável que você tenha o seu próprio ritual. Tomar um café passado, organizar a sala e o ambiente de trabalho (no caso do home office), colocar uma playlist escolhida para o momento, assistir alguns minutos ao jornal da manhã, ver o clima para o dia e etc. Ainda que esses comportamentos não tenham um propósito instrumental direto, eles ajudam a colocar o seu mundo em ordem.
A ciência comprovou isso. Atletas de alto desempenho costumam praticar rituais antes de grandes competições, e isso não serve para “dar sorte” a eles, mas os ajudam a melhorar sua execução e diminuir sua ansiedade e estresse. Rituais pré-desempenho envolvem funções cognitivas (processos mentais) e comportamentais que ajudam a regular nossa organização mental, excitação emocional, além de proporcionar maior concentração e favorecer um estado ‘homeostático’ (equilibrado) psicológico e fisiológico.
E não serve somente para os esportes, a prática de rituais ajuda a melhorar o desempenho – na vida pessoal e na carreira das pessoas – em determinadas tarefas que se propõem a cumprir. Eles são uma forma de sinalizar para nós mesmos que estamos nos preparando para fazer algo importante. Resumindo, os rituais pré-desempenho são uma forma eficaz de diminuir o nosso estresse e de nos concentrarmos menos em como estamos nos sentindo e mais naquilo que realmente precisamos fazer.
Psicóloga, especialista em Psicologia Clínica, pós-doutora na área de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento, fundadora e CEO da BeeTouch
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