O poder que estimula o servilismo

            Nosso Planeta Terra, ainda é a nossa casa, a nossa morada, o local que devemos cuidar para que a vida continue a existir, queiramos ou não essa é a realidade que nos cerca, ao longo do tempo por diversos caminhos o ser humano aprendeu, conquistou, mudou, transformou tudo a sua volta, houve um tempo onde  a sabedoria era desejada mais do que o ouro, apender para a vida, deixar algo de bom para as gerações futuras, mas esse conhecimento e sabedoria aos poucos foram perdendo espaço e usados para outros fins assim não tão nobres como imaginamos; conhecimento e sabedoria, transformaram-se numa arma chamada poder, isso para violentar, subjugar, dominar, conquistar, destruir, povos, nações e o próprio Planeta caíram nas mãos férreas do poder; o sinais dos tempos estão diante de nossos olhos, tais sinais para muitos são claros, já para outros um enigma.

            Fiquemos com alguns sinais dos tempos que o meio ambiente vem nos dando nas últimas décadas, o que acontece hoje em nosso quintal, também acontece no quintal de nossos vizinhos, sejam eles próximos ou não, pois tudo está ligado a absolutamente tudo nessa vida, muitos de nós já ouvimos falar do mar de Aral, mar esse que um dia já foi o quarto maior lago de água salgada do mundo, nele hoje praticamente está sem vida, com raríssimas exceções, esse mar transformou-se agora num mar de areia, um cemitério de barcos de todos os tamanhos; mãos outrora tão hábeis em navegar por aquelas águas em busca de sustento, hoje são incapazes de voltar a dar vida para aquele lugar, um exemplo terrível de como a ganância, em busca do progresso sem consciência pode deixar rastros de enorme violência para todos, a devastação causada no mar de Aral é um crime brutal.

            O ser humano sempre esteve em busca de sabedoria e conhecimento, mas isso não tornou o ser humano melhor, mais justo, mais responsável pelos seus atos e conquistas, mandos e desmandos, hoje esse conhecimento e sabedoria em muitas ocasiões se transformaram em confusão, discórdia, apequenaram o ser humano, ou seja, na hora que o ser humano mais precisa de sabedoria e conhecimento, é a hora justamente em que ele se sente mais incapaz e vulnerável, seu analfabetismos beira o ridículo frente a tudo o que ele fez para com a natureza e o meio ambiente em geral, todas as competições que os humanos se empenharam para ver quem ficava em primeiro, agora deixa todos atônitos, enormes labirintos abertos, nos deixam desamparados, quase todos eles não mostram a luz no final, de tão capazes que fomos um dia, entregamos agora nossa vida aos cliques.

            Por aqui agora, começamos a ter o nosso mar de Aral, uma seca de dimensões inimagináveis assola a região norte do Brasil, ninguém sabe até quando ela vai durar, o dia de amanhã continua a ser uma incógnita para uma geração que aprendeu idolatrar os metereologistas e suas parafernálias de aferição do tempo por dias a fio ou até para um mês inteiro. A seca aliada com o fogo torna-se uma combinação mortal para a existência das diversas formas de vida ali existentes, deixa pessoas e animais desabrigados, sem ter o que comer ou beber, o ser humano criou obras maravilhosas ao longo dos séculos, todas dignas de louvor e admiração, mas também esse ser humano criou condições monstruosas de não vida, de coisas que nenhum ser humano é capaz de controlar, não podemos ficar ignorantes ao que está acontecendo em nossa casa, se isso vier a ocorrer, todos irão cair.

            Bioeticamente, de modo urgente precisamos repensar, reagrupar nossas forças e objetivos comuns, precisamos selecionar quais conhecimentos adquirimos que podem nos salvar da catástrofe e eliminar aqueles que nos foram causa de infortúnios e decepções, o atual sistema de vida que teimamos em levar adiante, causa muita apreensão e dúvida quanto ao amanhã, nossa casa comum é bela demais para a deixarmos apenas nas mãos de especialistas e experts oportunistas que falam muito, não dizem e não fazem absolutamente nada, a não ser guerras insanas, vendas criminosas de armas e envio de soldados para a frente de batalhas, soldados esses que não criaram as guerras, mas os seus governantes, esses sim são os que deveriam juntamente com suas famílias irem para a linha de frente brigar e morrer pelos seus ideais, sua ganância e seus lucros infindáveis.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com

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