Fernando Ringel
Maio chegou chegando: feriado logo no dia primeiro, coroação do “ex-príncipe”, agora Rei Charles III, seguido pelo anúncio de que a Covid deixou de ser uma pandemia, sem falar no ex-presidente Fernando Collor, que voltou aos holofotes com chances reais de ser condenado, além da inesperada cassação do deputado federal Deltan Dallagnol. Tudo isso, enquanto segue a novela de Bolsonaro e seus funcionários em investigação da Polícia Federal!
Para engrossar o caldo, deputados e senadores têm novos palcos para fazer discursos teatralmente ensaiados para as redes sociais: começou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Só que na política ainda vale a Lei de Talião e o que não falta é “olho por olho, dente por dente”. Por quê? Simplesmente porque os governistas também tem uma CPMI para chamar de sua, a que vai investigar os atos de vandalismo no dia 08 de janeiro.
Nos dois casos, serão 120 dias de muito bate-boca e distração em relação a problemas realmente urgentes. Haja paciência, mas não adianta demonizar a política. Em um país onde jogador de futebol entra em esquema para manipular resultados de jogos e, no último dia 16, um homem foi flagrado indo de moto até o local onde faria prova para tirar sua Carteira Nacional de Trânsito (CNH), em Taguatinga, Distrito Federal, os problemas do país não são responsabilidade só dos políticos, né?
Investir agora para lucrar depois?
É tanta fofoca na política que dá a impressão de que os nobres parlamentares ganham por produção de notícias. No que realmente interessa, Lula está no Japão para participar de encontro da cúpula do G7, as maiores economias industriais do ocidente. Por aqui, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, político extremamente diplomático, está pessoalmente empenhado na aprovação do arcabouço fiscal. Os mais otimistas dizem que a missão pode ser cumprida ainda nesse mês. Será?
Independente da opinião de cada um sobre a política, é fato que a economia é o sangue nas veias de qualquer país, e para gerenciar isso, ajuda muito se o governo do momento tiver boa popularidade. Direita, centro e esquerda não existem nessa perspectiva. Aí, o que realmente mexe na economia e também com os humores da população? Simples: os preços da gasolina, diesel e gás.
Como o “jeito Lula de governar” é acelerar sempre, a Petrobras anunciou o fim da política de preço de paridade internacional (PPI), além do cortar R$ 0,40 no valor do litro de gasolina e R$ 0,44 no de diesel. Será que vai dar certo? Nesses casos, a questão fundamental na política é: todo governo que precisa “acelerar”, precisa também de combustível, e isso significa popularidade. Ela é como se fosse o fermento que faz a massa crescer, mas não é só isso. A massa tem que crescer, mas quem quer comer um pão ruim? Se o trabalho do padeiro não ficar bom, tempo e esforço foram perdidos. Então, como todo mundo está no mesmo barco, resta esfregar as mãos e torcer.
Professor e comunicador
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