“O principal papel da doula, na minha opinião, é o suporte emocional que ela traz para a gestante”

Foi o desejo frustrado de ter um parto humanizado que levou Patricia Hirt a procurar pela formação de doula e ajudar outras mulheres a terem protagonismo nas suas escolhas

A profissional de educação física Patricia Hirt sempre teve a maternidade como uma missão de vida, algo desafiador e, ao mesmo tempo, maravilhoso. “Sempre tive o desejo de ser mãe e não me vejo de outra maneira”, define.

Há 13 anos, quando passou pela sua primeira gestação, Patricia começou a se interessar muito por aquele universo da gestar. Ouviu e buscou muita informação sobre parto humanizado e teve certeza de que era aquilo que queria, mas acabou em uma cesárea quando deu à luz ao Enzo. A história se repetiu 1 ano e 11 meses depois, ao trazer ao mundo Ana Julia. Sem tanta informação como tem hoje, ela se frustrou por não ter a chance de parir.

Em outubro de 2019, Patricia engravidou novamente e, em março, no início da pandemia, estava com 5 meses de gestação, quando ficou trabalhando em regime de home office. “Foram meses de muita insegurança, mas também de muita gratidão por poder ficar mais tempo com meus filhos. Ficamos realmente isolados socialmente e saíamos apenas para consultas médicas”.

Patrícia com sua família e Maria ainda na barriga

Maria nasceu no auge dos casos e Patrícia teve muito medo do ambiente hospitalar, mas tudo correu bem e elas tiveram alta 24 horas depois do nascimento. E foi durante essa terceira gestação que se reavivou o antigo sonho de Patrícia atuar como doula para lutar por outras mulheres que desejam ser respeitadas nas suas escolhas, principalmente durante o parto.

Em busca de realizar esse desejo, Patrícia foi em busca de formação. “O curso de formação de doulas é algo incrível, uma verdadeira imersão nesse universo. Ele não serve apenas para quem tem o desejo de ser doula, mas para qualquer mulher que tenha interesse nessa área. É cheio de amor e conhecimento”, avalia.

Patrícia explica que as doulas têm o papel de servir a mulher, atuando na gestação com informação sobre diversos temas pertinentes a essa fase e, no parto, com técnicas não farmacológicas de alívio da dor, além de colaborar também no pós-parto. “Mas o principal papel da doula, na minha opinião, é o suporte emocional que ela traz para a gestante e a família nessa etapa tão marcante da vida delas”, acredita.

A presença da doula durante a gestação é muito importante para a gestante, acredita, porque empodera a mulher e oportuniza um protagonismo nas suas escolhas. Através das informações, a gestante tem o conhecimento sobre os processos que irá atravessa e conhece também sobre violência obstétrica, por exemplo, e assim se sentirá mais segura e apoiada durante o parto.

Em seu ofício, como doula

Cabe ressaltar que a doula não pode fazer nenhum procedimento como monitorar o bebê ou exame de toque por exemplo. “A doula não faz o parto, apenas acompanha a gestante nesse processo. O nascimento é uma das coisas mais lindas do mundo, um verdadeiro milagre! Ali nasce uma nova vida em todos os sentidos possíveis, é emocionante”, diz.

Rituais

Praticamente esquecidas nas últimas décadas, as doulas voltaram a ter espaço na equipe de saúde que faz parte do período da gestação apenas nos últimos anos, quando levantou-se o assunto do parto humanizado. “Atuamos durante a gestação oferecendo informação, realizando ‘rituais’, como pintura da barriga, chá de bênçãos, impressão da placenta, dentre outros momentos gostosos da fase”, descreve.

Além de estares presentes também no momento do parto, é no pós-parto que auxiliam no primeiro contato com o bebê. Algumas doulas possuem formação específica de consultoria em amamentação para auxiliar ainda mais esse processo. “Após o parto, a mulher necessita ainda mais de atenção, pois é um momento delicado, onde tudo é novo. Há muitos sentimentos sendo experimentados. A doula pode dar esse suporte tão importante nesse período de transformação da mulher em mãe”, explica.

Então, depois do nascimento da Maria, além de mãe de três filhos, profissional de educação física com formação completa em pilates e pilates gestante, Patrícia também é doula. E nada como uma mãe para saber como cuidar de outra mãe, não é mesmo? “Posso dizer que em muitos momentos, principalmente agora, na pandemia, não é nada fácil educar três crianças. Tento fazer o meu melhor, tenho muito isso em mente. Trabalho ao menos 44 horas semanais e procuro estar presente no dia a dia dos meus filhos o máximo que eu posso”. Vida de mãe.

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