Em um contexto onde a obesidade tornou-se um flagelo global, o Paraná presencia um alarmante avanço desta condição de saúde. Segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), 59% da população do estado está nessa condição. Abrangendo crianças, adolescentes e adultos, foi diagnosticada com algum grau de obesidade em 2023, um aumento significativo em relação aos 40,77% de 2013.
O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, instituído pela lei 11.721 de 2008 e observado em 11 de outubro, surge como um marco para reflexão e ação contra essa realidade. Visa conscientizar a população sobre a relevância de prevenção e educação acerca desta doença.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, globalmente, cerca de 1 bilhão de pessoas são obesas. No panorama paranaense, os adultos estão mais gravemente afetados, com 36% deste demográfico apresentando obesidade nos graus 1, 2 ou 3.
Cilene da Silva Gomes Ribeiro, presidente do Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná (CRN-8), destaca que a obesidade é uma enfermidade de causas múltiplas e complexas. Ela enfatiza o papel crucial da dieta inadequada, particularmente o consumo exacerbado de alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares, gorduras e sódio. Este panorama é exacerbado pela fácil acessibilidade e pelo baixo custo desses produtos. Oriundos da produção em larga escala, desencadeando uma crescente dificuldade em restringir a escalada da obesidade.
Aumento
O aumento expressivo no índice de adolescentes obesos – de 8,4% em 2013 para 16,65% em 2023 – e a manutenção de elevados índices de obesidade infantil são pontos de intensa preocupação. Cilene evidencia uma cultura alimentar nociva, marcada pelo consumo precoce de alimentos não saudáveis. Que contribui para o surgimento de condições de saúde debilitantes como hipertensão, colesterol elevado e diabetes em idades cada vez mais jovens.
A especialista sublinha a necessidade de medidas preventivas e estratégicas, que englobam desde a promoção do aleitamento materno exclusivo até a educação alimentar de gestantes. Ela ressalta a importância de políticas públicas firmes, que restrinjam a oferta de alimentos insalubres em ambientes educacionais para crianças até quatro anos de idade.
“É imperativo implementar monitoramentos regulares e frequentes para detectar a obesidade precocemente e garantir que a ‘linha de cuidado’ para a obesidade no Paraná seja mais amplamente aplicada. Expandir o atendimento multiprofissional, que inclui mais nutricionistas, intensificar a identificação precoce através de treinamentos para agentes comunitários e profissionais da saúde básica, são passos vitais para orquestrar ações que abordem esta doença perturbadora”, finaliza Cilene.
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