Pela primeira vez desde 2004, a medalha de ouro na prova dos 100 metros terá outro dono. E são muitos os candidatos a brilhar na pista do Estádio Olímpico de Tóquio. A ausência do campeão mundial Christian Coleman (suspenso por violar as regras de controle antidoping) deixa a disputa ainda mais indefinida, depois de tantos anos de domínio de Bolt.
O velocista norte-americano Trayvon Bromell surge como forte candidato à sucessão de Bolt. Mas outros nomes aparecem bem cotados também, como o canadense Andre De Grasse, o americano Fred Kerley, o sul-africano Akani Simbine, o jamaicano Yohan Blake e o japonês Ryota Yamagata.
A trajetória de Bromell até os Jogos de Tóquio como um favoritos ao ouro é marcada por uma recuperação impressionante depois de anos complicados por causa de uma grave lesão no tendão de Aquiles. É dele o melhor tempo na temporada, com 9s77.
Bromell apareceu no cenário internacional em 2015, quando cravou 9s84 nos 100m antes de fazer 20 anos – foi o tempo mais rápido já alcançado por um adolescente para a distância. No Mundial daquele ano, em Pequim, inclusive, ele foi medalha de bronze. Mas acabou indo muito mal na Olimpíada do Rio, quando terminou na oitava colocação na final dos 100m. O pior, porém, ainda estava por vir.
Na final do revezamento 4x100m, ele sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles e deixou o Engenhão de cadeira de rodas. O velocista, então, se viu obrigado a abrir mão dos treinos e campeonatos para tratar da lesão por dois anos e entrou em uma depressão profunda. “Não sentia nenhuma razão para ainda viver. Eu me senti como se estivesse em um ambiente escuro, como se eu fosse uma sombra para o mundo”, revelou Bromell.
Recuperado física e mentalmente, ele passou a acumular marcas expressivas novamente. Venceu 15 de suas últimas 16 corridas nos 100m, sendo que fez menos de dez segundos em dez desses eventos.
Outro corredor que tem chamado atenção é Fred Kerley. Dono de títulos nos 400m, o atleta surpreendeu quando decidiu correr provas mais rápidas e garantiu a vaga nos 100m nas seletivas dos Estados Unidos.
É bom também ficar de olho em Akani Simbine, da África do Sul. Quinto lugar nos Jogos do Rio, ele pode se tornar o primeiro africano a ganhar o ouro nos 100m desde o compatriota Reggie Walker nos Jogos de Londres de 1908.
O ótimo histórico do canadense Andre De Grasse também o coloca como uma ameaça. No Rio-2016, foram nada menos do que três medalhas: bronze nos 100m, prata nos 200m e bronze no revezamento.
Correndo por fora está o jamaicano Yohan Blake, de 31 anos. Campeão mundial dos 100m em 2011, ele foi prata em Londres-2012, e terminou em quarto lugar no Rio-2016. Apesar da idade considerada avançada por muitos, a experiência pode ajudá-lo a desbancar os favoritos.
Também não dá para descartar o japonês Ryota Yamagata, que bateu o recorde nacional de 9s95 este ano – apenas quatro velocistas do país já correram abaixo de 10 segundos na história, marca que nenhum brasileiro alcançou até hoje, por exemplo. Mesmo sem a presença de torcedores japoneses no Estádio Olímpico para incentivá-lo, Yamagata pode surpreender.
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