Onça X coelho: qual animal você seria?

Em minhas viagens pelo Brasil tive a grata oportunidade de conhecer alguns povos indígenas e deparei-me com um ditado que jamais esquecerei: “Uma onça andando livre na mata está tão segura quanto um coelho encolhido na toca.”

Aparentemente simples, este adágio nos entrega uma mensagem profunda para explicar a importância do desenvolvimento da autoliderança. Explico!

Segundo o professor Stephen Kanitz, a insegurança é o maior problema humano, visto que ela é o portal dos nossos medos. A periculosidade nos paralisa por nos expor ao medo de fracassarmos, de nos envergonharmos, de nos machucarmos e tantos outros receios. Para lidar com isso, buscamos, portanto, a segurança.

Todos desejamos, de alguma maneira, nos sentirmos seguros, mas o provérbio indígena nos mostra que existem dois tipos de segurança e não é qualquer uma que nos trará a plenitude.

Por um lado, há a “segurança da onça”: um animal que, ao longo de sua vida, se fortalece em si, desenvolvendo imponência e habilidades que lhe permitem enfrentar os perigos da selva. A segurança da onça é conquistada pela construção de sua própria força, dando-lhe a confiança de estar preparada para superar qualquer ameaça. Assim, ela vivencia todos os encantos e as aventuras do ambiente que habita.

Por outro lado, há a “segurança do coelho”: diferentemente da onça, é um animal vulnerável e frágil, que escolhe um local seguro para passar a maior parte da vida. Abrigado em uma toca, o coelho se protege, evitando enfrentar as ameaças e os perigos da mata. Contudo, ainda que essa também seja uma forma segura de viver, ela é incompleta em si, visto que a toca esconde o coelho dos desafios, mas também o priva das belezas, encantos e aventuras de uma vida plena.

Em nossas próprias vidas não é diferente. Inseridos em um mundo caótico, que nos ameaça de várias maneiras, parece-me cada vez mais comum o desejo de nos abrigarmos em nossas “tocas” pessoais adotando a segurança do coelho.

“Para que começar um novo relacionamento se pode dar errado?”… “Para que fazer a apresentação do trabalho se eu posso passar vergonha?”… Evitamos nos expor a desafios e dificuldades que podem vir a nos ferir, escondendo-nos de tudo o que pode dar errado para, assim, nos sentirmos seguros.

Porém, tal postura vai minando a liberdade, degradando o potencial individual e desapossando as pessoas das oportunidades de vivenciar experiências valiosas e conquistar todo o crescimento que a vida tem a proporcionar.

A real segurança, a que deveríamos buscar, é a da onça, que se abriga em si, forte e preparada para enfrentar os desafios e viver uma grande aventura. A pergunta que fica, então é: como conquistar esse fortalecimento? Por meio da autoliderança!

No livro “(Auto)liderança Antifrágil” demonstro como é valioso e surpreendentemente gratificante estruturar a si mesmo, desenvolver habilidades valiosas, transformar potencial em força, agir com propósito e adotar estratégias funcionais para nos sentirmos seguros de nós mesmos.

A autoliderança traz a compreensão que a vida é um mar de desafios, mas também de oportunidades incríveis, e que quanto mais você confronta as dificuldades, em vez de fugir delas, mais forte vai se tornar e mais segurança terá para percorrer o caos do mundo, transformando sua vida em uma jornada incrível de sucesso.

Victor de Almeida Moreira, Engenheiro de produção, com MBA em Engenharia de Custos, gestor de projetos da Mineração Rio do Norte (MRN) e autor do livro (Auto)liderança Antifrágil, publicado pela Editora Gente

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