As apurações contam com vídeos que mostrariam os policiais suspeitos entrando na casa do líder do PCC – preso em 18 de novembro do ano passado na Operação Fast Track -, além de áudios em que a mulher de ‘Armani’ e a advogada descrevem o ocorrido (veja as gravações e ouça os grampos ao fim da reportagem).
Além dos mandados de prisão, agentes cumpriram dez ordens de busca e apreensão, expedidas pela 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores. Um dos endereços vasculhados é o da sede do Deic, localizada na zona norte da capital.
Na casa de um dos policiais alvo das diligências, os agentes apreenderam diferentes armas e valores em espécie (veja mais imagens no fim da matéria). A ofensiva conta com apoio da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo e do 4º Batalhão de Choque da Polícia Militar (GATE/BOPE).
A ofensiva investiga possíveis crimes de extorsão mediante sequestro, associação criminosa, abuso de autoridade por violação de domicílio e receptação, diz o MPSP. O nome da operação, Quebec Sierra Juliet, faz alusão à sigla QSJ, a partir do alfabeto fonético internacional. Na ‘linguagem policial’, QSJ significa ‘dinheiro’.
De acordo com a Promotoria, o líder do PCC teria sido seguido pelos policiais sob suspeita assim que deixou sua casa. Os agentes usavam um veículo furtado no Rio de Janeiro e desviado para São Paulo, informou em nota a Promotoria paulista.
“Quando Armani parou em um posto de gasolina, foi arrebatado pelos agentes, que o algemaram e o colocaram no banco de passageiros do seu próprio veículo. Os quatro sequestradores, então, dividiram-se entre os dois automóveis”, registrou o MP-SP.
De acordo com os investigadores, os policiais teriam exigido R$ 300 mil para liberar ‘Armani’, alegando ter conhecimento de que ele ocupava função de comando no PCC e havia recebido cerca R$ 1,5 milhão para financiamento da célula ‘federal’.
‘Armani’ teria negado o pagamento e acabou conduzido pelos policiais até sua casa, sendo que, mediante coação, os agentes teriam entrado no imóvel, ‘de forma ilegal e sem mandado judicial’. No local, encontraram R$ 15 mil, subtraindo o valor.
“Em seguida, a vítima foi levada até a sede do DEIC, onde os sequestradores prosseguiram com exigência de pagamentos, como condição necessária à restituição da liberdade de Armani. Além de mantê-lo privado de liberdade, os policiais disseram ter recebido denúncias anônimas que prejudicariam a organização criminosa”, relatou ainda o MP-SP em nota.
Duas advogadas da facção ficaram responsáveis por negociar com os policiais os valores de resgate e de propina, para que Armani fosse solto e para que os policiais não registrassem os fatos supostamente relatados em denúncia anônima. Uma das advogadas, denunciada na Operação Fast Track, teria providenciado o pagamento imediato de R$ 30 mil aos policiais, prometendo o pagamento de mais R$ 30 mil para dali a 30 dias.
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