Por Pe. Lino Baggio, SAC*
Por vezes, ficamos profundamente impressionados com figuras de pessoas muito envelhecidas. Lembro-me sempre de algumas aparições do então Papa João Paulo II, nos últimos tempos de sua vida: sua dificuldade de falar, de locomover-se, o cansaço estampado em seu rosto, o corpo pesado que ia arrastando. Ele assumiu a velhice e a doença com coragem e visão de fé.
A família é uma realidade que muda de configuração ao longo de sua história. Uma coisa são os primeiros anos do casal, ainda sem filhos. Depois vem a fase dos filhos pequenos, adolescentes e jovens. Quando as asas ficam sólidas, cada filho empreende o voo para fora do ninho. Permanecem ele e ela. Esse tempo de casal sozinho pode durar. Também pode ser abreviado pela chegada da morte. E um ou o outro vive a viuvez.
Hoje, coloca-se um problema delicado: o cuidado que os filhos precisam prestar a pais idosos e doentes. Ocorre uma inversão de papéis: velhos e debilitados, os pais se destituem da posição de referência que ocupavam e passam a receber dos filhos aquilo que se habituaram a ofertar: cuidados. Nem sempre os filhos podem assumir a responsabilidade pelos últimos breves ou longos tempos de seus genitores. Os que dispõem de recursos providenciam acompanhantes ou descobrem uma casa que acolhe e hospeda pessoas doentes e idosas. Este é um problema complexo.
Os filhos casados, com sua vida, seu trabalho e suas preocupações, via de regra, não podem assumir os pais nestas condições. Muitas vezes, esses idosos, sem recursos financeiros, não podem ser mantidos em clínicas para idosos, caras e nem sempre de boa qualidade. Os pais envelhecidos e gravemente doentes não podem ficar entregues à própria sorte. Há todo um arranjo delicado a ser encontrado. Por um tempo, os pais podem viver na casa de um filho casado. Depois, um neto ou um parente ou passa um tempo na casa dos idosos. Nada disso resolve o problema. Cada família buscará a melhor solução, o expediente que possa atender aos pais. Em tudo, trata-se de uma postura de amor. Muitas vezes um integrante do casal cuida de seu parceiro doente e envelhecido, anos a fio. Trata-se de uma grande prova de amor.
Quando as pessoas envelhecem, mas gozam de boa saúde, não surgem maiores problemas. Uma certa assistência dos filhos, à distância, uma pessoa que cuide da casa, da limpeza, visitas frequentes, manifestações de atenções e tudo está resolvido.
Um ponto em que eu sempre insisto é que tenhamos respeito, calma e muito amor para com os nossos pais velhinhos. Entenda-se, aqui, aquelas pessoas que realmente já têm bastante idade. Pois, se tudo der certo, um dia nós também vamos chegar lá. Então, fica a pergunta: como cuidar de nossos pais doentes e envelhecidos? E por falar em pessoas envelhecidas, lembro a todos que, no próximo domingo, dia 23 de julho, é o Dia Mundial dos Avós e da Pessoa Idosa. Este dia foi instituído pelo papa Francisco, em 2021, para ser celebrado no último domingo de julho – próximo ao dia de Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus. Queremos dar graças a Deus pela vida dos nossos avós e por todas as pessoas idosas. Uma prece muito especial pelos idosos abandonados, enfermos e que passam por dificuldades.
*Pe. Lino Baggio, SAC
Vigário Paroquial na Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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