Padre Judinei Vanzeto
O mês de setembro, para os cristãos católicos, é dedicado a Bíblia. Para tanto, neste artigo trago presente alguns expoentes, sobretudo do período medieval, que souberam conciliar a fé e a razão nos estudos da Sagrada Escritura.
O fio condutor para compreender a Idade Média é o sincretismo entre o conhecimento greco-romano e as crenças religiosas que surgiram nesse período: Cristianismo e Islamismo. Desse modo, um dos principais esforços dos filósofos medievais foi o de fornecer argumentos racionais para justificar as verdades reveladas da Igreja Cristã e da Religião Islâmica, como, por exemplo, provar a existência de Deus e a imortalidade da alma. Todavia, trato aqui apenas dos fundamentos cristãos dos primeiros séculos do Cristianismo.
O primeiro esforço aconteceu com os apóstolos de Jesus Cristo: João e Paulo. Depois continuou com os Padres da Igreja, com o objetivo de conciliar o Cristianismo com o pensamento filosófico vigente. A defesa da fé cristã era a principal tarefa frente às críticas advindas de valores teóricos e morais determinados pelos “antigos”.
Os Padres da Igreja são conhecidos também como Santos Padres ou Pais da Igreja. Os Padres da Igreja são todos aqueles influentes teólogos cristãos e bispos dos séculos II a IV d.C., que com a filosofia teologizaram em prol da fé cristã. Suas reflexões foram e são utilizadas no embasamento teológico cristão. Foram eles que fizeram a distinção entre a autêntica doutrina e as heresias, bem como interpretaram corretamente a Sagrada Escritura e registraram a Sagrada Tradição. Hoje, o estudo de seus escritos chama-se Patrística.
Patrística é a denominação dada à filosofia cristã dos primeiros séculos, elaborada pelos Padres da Igreja, pois eles foram os primeiros teóricos na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo na defesa contra os ataques dos pagãos e contra as heresias.
Alguns dos Padres da Igreja que se destacaram na argumentação filosófica em prol da fé cristã foram Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio Magno e Gregório de Nissa. Eles representam a primeira tentativa de conciliação entre os princípios da Filosofia grega (Epicurismo, Estoicismo, Platão, Sofistas, Aristóteles, Pitagóricos e Neoplatônicos) com os ensinamentos cristãos. Eles também são conhecidos por apologistas. “Apologia”, em poucas palavras, significa “aquele que defende uma verdade ou doutrina”.
Os Pais da Igreja são os responsáveis por confirmar e defender a fé e a liturgia, bem como propor uma disciplina e novos costumes. Eles decidiram os rumos da Igreja por muitos séculos.
A Patrística, por sua vez, é a filosofia responsável pela elaboração dos dogmas cristãos e pela Sagrada Tradição ou o chamado Magistério da Igreja, ou seja, o ensinamento da fé cristã católica. É a conciliação entre a fé e a razão.
E a Carta Encíclica do Papa São João Paulo II, “Fides et ratio”, divulgada em 14 de setembro de 1998, afirma que “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.
Jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR.
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