Músico da Filarmônica de Nova York, Alessi está em São Paulo onde realiza a estreia mundial da peça, uma das últimas em que Corea, morto em janeiro deste ano, trabalhou. As apresentações, hoje e amanhã, acontecem com a Osesp e o maestro Giancarlo Guerrero na Sala São Paulo – e a récita de hoje será transmitida ao vivo pelos canais da orquestra no Facebook e no YouTube, dentro da série Concertos Digitais.
O concerto é resultado de uma encomenda conjunta feita pela Osesp, a orquestra americana, as sinfônicas de Nashville e Helsinque e a Fundação Gulbenkian de Portugal – costa-riquenho, o maestro Guerrero, antigo parceiro da Osesp, é também diretor artístico em Nashville e principal regente convidado em Lisboa.
“Como todos os grandes concertos da história da música, a peça é maravilhosa e abre espaço para que se revele a virtuosidade do sr. Alessi. Mas, ao mesmo tempo, é uma obra colaborativa entre solista e orquestra. Há muitos momentos em que se dão conversas entre diferentes seções da orquestra e a parte do solista, como se fosse uma jazz band. É interessante como ela soa como um improviso, mas tudo está claramente escrito na partitura”, explica Guerrero.
Segundo Alessi, a peça evoca reminiscências de Corea do período em que viveu em Nova York, como se fosse uma caminhada pela cidade, do extremo norte ao extremo sul (os primeiros movimentos são batizados de “a stroll”, que em inglês quer dizer ‘um passeio’). Em texto sobre o concerto, ele diz ainda que o compositor dialoga com diferentes influências, do jazz ao tango à música do francês Erik Satie.
Popular
Na semana passada, Giancarlo Guerrero esteve à frente da Osesp em concerto dedicado ao compositor argentino Astor Piazzolla e já regeu e gravou com o grupo obras de Heitor Villa-Lobos. São autores, como Corea, que misturam o popular com o chamado universo clássico.
“Corea é mais um autor a tomar como ponto de partida suas influências pessoais e as incluir na escrita para orquestra. Sabemos que nossos autores latinos, como Piazzolla e Villa-Lobos, sempre buscaram utilizar sons e ritmos de seus países em suas obras. Mas não precisamos tratar isso como algo novo. Todos os compositores ao longo da história utilizaram a música folclórica como inspiração. Podemos pensar em Haydn ou Mozart incluindo minuetos em suas sinfonias, ou em Mahler dialogando com a tradição klezmer em suas obras. Esses grandes artistas eram parte de suas próprias comunidades e estavam atentos aos incríveis materiais musicais que vinham dos gêneros chamados populares.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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