Recentemente a dermatologista Vanessa Schirr compartilhou em suas redes sociais uma experiência que chamou muito a atenção da população devido a gravidade do alerta. Em sua postagem, a médica relata que em um atendimento considerado rotineiro de estética, conseguiu identificar uma doença séria em estágio inicial devido a consulta médica detalhada realizada na paciente.
Sem identificar o paciente, a profissional conseguiu com esse relato chamar a atenção de muitas pessoas para a importância da análise detalhada dos casos médicos, mas também acende o alerta para a população sobre a importância da realização de consultas preventivas.
“Então a partir desse diagnóstico, nós cancelamos o procedimento estético e realizamos a coleta de material para a biópsia. Infelizmente, descobrimos que se trata de um melanoma, um tipo de câncer que se não identificado precocemente, pode ser bem agressivo e difícil de tratar”, explicou.
Sobre a consulta dermatológica que é padrão em consultório e a médica gosta de realizar detalhadamente, ela conta que todo a análise é iniciada pela anamnese. “Neste momento coletamos a história do paciente, hábitos de vida, de exposição ao sol, história familiar, rotina de skincare e queixas relacionadas a pele”, disse.
A medica explicou que a partir disso a avaliação da pele é realizada. “Consideramos diversos aspectos como hidratação, elasticidade, flacidez, rugas, avaliação dermatoscópica (com instrumento que amplia as lesões para avaliação mais precisa), além da análise de unha e cabelo”, destacou.
CASO MELANOMA
Contextualizando, foi nesta avaliação detalhada, onde as manchas nas costas da paciente foram analisadas, que Vanessa achou necessária uma investigação maior, vindo a descobrir o câncer de pele melanoma. “No caso da paciente ela veio para dar sequência ao tratamento que iniciamos ano passado e me chamou a atenção a pinta. Ao avaliar com o dermatoscópio, aumentou o grau de suspeição e realizamos a biópsia”.
“Por isso gosto de enfatizar que o paciente não é apenas um compartimento para preencher ou um músculo para aplicar toxina botulínica, o paciente merece ser avaliado de forma cuidadosa e integral pelo seu médico”, destacou Vanessa Schirr.
Segundo a médica, o melanoma é o tipo de câncer de pele mais agressivo, que mais resulta em metástase. “Ele pode aparecer como forma de pinta com características muito discretas só percebidas com a dermatoscopia, ou como pinta que modificou suas características, ou ainda como uma pinta que parece estar inflamada, ou seja, não há um padrão de lesão para o melanoma. O ideal é avaliação dermatológica da pele do corpo uma vez ao ano ou com intervalo menor se houver surgimento de pinta nova”.
TIPOS DE CÂNCER
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) os tipos de câncer de pele mais comuns são:
CARCINOMA BASOCELULAR – É o câncer de pele mais frequente na população, correspondendo a cerca de 70% dos casos. Se manifestam por lesões elevadas peroladas, brilhantes ou escurecidas que crescem lentamente e sangram com facilidade.
CARCINOMA ESPINOCELULAR – É o segundo tipo de câncer de pele de maior incidência no ser humano. Ele equivale a mais ou menos 20% dos casos da doença. É caracterizado por lesões verrucosas ou feridas que não cicatrizam depois de seis semanas. Geralmente causam dor e possuem sangramentos.
CÂNCER DE PELE MELANOMA – Apesar de corresponder apenas cerca de 10% dos casos, é o mais grave pois pode provocar metástase rapidamente – espalhamento do tumor para outros órgãos do corpo humano – e levar à morte. É conhecido pintas ou manchas escuras que crescem e mudam de cor e formato rápido. As lesões também podem vir acompanhadas de sangramento.
DOENÇAS SILENCIOSAS
Além da identificação de todos os tipos de câncer de pele outras doenças dermatológicas consideradas silenciosas podem ser identificadas em uma consulta médica. “ Muitos pacientes me falam: mas não estou sentindo nada e é justamente essa a questão, no câncer de pele não há manifestação, diferente de outras condições em que o paciente sente coceira, descamação, irritação. Algumas outras condições também são consideradas como silenciosas como hanseníase ou alguns tipos de tumores benignos de pele que estão relacionados a diabetes, por exemplo”, destacou.
ALERTA
Sobre os cuidados que devem ser adotados, é importante destacar que alguns tipos de câncer de pele como o melanoma tem uma carga genética mais predominante, e nestes casos mesmo com todas as precauções ele pode surgir. “Para os outros tipos de câncer de pele, relacionados à exposição à radiação ultravioleta, a recomendação é evitar exposição ao sol entre às 10 e 16 horas, mantendo o uso diário de protetor solar fator FPS 30 (no mínimo) e reaplicando durante o dia conforme necessidade”, orientou a dermatologista.
No Brasil os dados de incidência do câncer de pele são alarmantes. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020, a doença já corresponde a 27% de todos os tumores malignos no país, sendo os carcinomas basocelular e espinocelular (não melanoma) responsáveis por 177 mil novos casos por ano, sendo que o melanoma tem um crescimento anual de 8,4 mil casos.
Como medida preventiva a população deve observar todas as orientações médicas e sempre manter as consultas de rotina, sendo o mais indicado, uma consulta anual com dermatologista para acompanhamento e segurança. “Devemos lembrar que o diagnóstico precoce salva vidas, então o cuidado sempre será a melhor opção”.
Conheça a regra ABCDE e redobre os seus cuidados com a pele
Esta regra é uma lista de observações que servem para auxiliar na identificação de lesões suspeitas de melanoma. Conheça os sinais e fique atento! Cabe lembrar que essa análise não substitui a avaliação médica, portanto, se identificar qualquer sinal, procure ajuda especializada.
A – Assimetria. O paciente observar se a pinta, ao ser dividida em duas metades, tem estas metades simétricas. Caso tenha um formato irregular, é uma suspeita.
B – Bordas da lesão: pois toda pinta deve ter suas bordas lisas. Se tiver bordas recortadas, como um mapa, podem ser suspeitas.
C – Cores da pinta. Quanto mais cores diferentes do habitual marrom claro ou escuro como vermelho, branco, preto, tons cinza-azulados, mais suspeita é a pinta.
D – Diâmetro dos sinais, considerados com maior risco quando estão maiores de 0,6 cm.
E – Evolução, se a pinta progressivamente tem algum crescimento ou modificação deve ser investigada.
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