Pacientes com câncer recebem tratamento de alta tecnologia

O Hospital do Câncer de Pato Branco utiliza um equipamento de última geração, o acelerador linear, para a realização de radioterapia e radiocirurgia nos pacientes com câncer. Os tratamentos são realizados de modo particular e também para o Sistema Único de Saúde. Em 2021, o primeiro ano de uso da máquina, 271 atendimentos foram realizados.

Depois de três anos de negociações e busca de recursos, o equipamento foi instalado no local em 9 de abril de 2021, sendo que a aquisição foi possível após o Hospital receber uma doação em dólares da usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, mediada pelo deputado federal Fernando Giacobo. O investimento para que a máquina pudesse funcionar foi de US$ 1,250 milhão, o equivalente a R$ 7,1 milhões.

A instalação do acelerador linear foi um marco oncológico na região Sudoeste do Paraná, trazendo inúmeras possibilidades de tratamento e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

De acordo com o médico especialista em radioterapia e responsável técnico, Marcelo Rodrigues, “a radioterapia é o uso da radiação ionizante com finalidades terapêuticas e de uma forma bem controlada. a radioterapia em termos gerais é utilizada em 60% dos pacientes, seja por uma forma curativa, pós-operatória ou para aliviar algum sintoma.”. O procedimento tem 100% de eficácia e não danifica outros órgãos, reduzindo efeitos colaterais.

A máquina que emite a radiação, de acordo com Marcelo, é o acelerador linear, tanto em tratamentos profundos, quanto em tratamentos superficiais, como é o caso do câncer de pele. “O tratamento é feito a distância, é a máquina que emite radiação, ela não é radioativa. Ou seja, ela não tem uma fonte, mas produz a radiação”, explica.

O tratamento da radioterapia é indolor, realizada com a tecnologia de arco volumétrico, possibilitando a distribuição da dose de radiação de forma precisa e possibilitando atingir de forma minimizada os tecidos normais em torno do tumor. “Traz mais segurança, traz a cura com menos efeitos colaterais e mais qualidade de vida”, destaca. De acordo com o médico, o cálculo de doses é feito após o paciente passar por uma tomografia.

Segundo o físico médico do Hospital do Câncer, Sidnei Maschio, o tratamento de alta tecnologia possibilitado pelo acelerador linear reduz o tempo de tratamento de alguns pacientes. “Por exemplo, os pacientes de mama a gente tratava de 30 a 35 dias, hoje a gente consegue tratar de 15 a 20 dias”, afirma.

Outro benefício é a “possibilidade de fazer tratamentos de radiocirurgia que pode ser dose única ou fracionada, você pode tratar uma lesão no cérebro do paciente em um único dia, em uma hora no máximo ou se for fracionada em no máximo 5 dias”, explica.

O tempo da sessão também garante maior qualidade para os pacientes. A média estimada do tratamento entre o paciente entrar, posicionar ele e ligar a máquina é em torno de 10 minutos, sendo que o tempo de máquina ligada tratando o paciente é de apenas 2 minutos.  

Radiocirurgia

O acelerador linear possibilitou ao Hospital do Câncer de Pato Branco a realização da radiocirurgia. A primeira vez que o procedimento foi realizado no município foi em 30 de dezembro de 2021. “Apesar do nome ‘cirurgia’, ela é uma técnica não invasiva, não há necessidade de internação hospitalar, anestesia ou cortes, com o paciente retornando para casa no mesmo dia.”, aponta Rodrigues.

O tratamento na radiocirurgia consiste, de acordo com o médico, na aplicação de uma única e precisa dose de radiação, com técnicas estereotáxicas de localização e alta precisão, chegando a resultados semelhantes ao de uma cirurgia, em alguns casos.

A primeira radiocirurgia realizada no Sudoeste do Paraná aconteceu em dezembro, em um caso de metástase cerebral, sendo apontado pelo médico como um marco no tratamento de câncer na região.

“Para lesões metastáticas, tem boas taxas de controle local em função da precisão do tratamento e da alta dose de radiação que pode ser administrada, melhorando a qualidade de sobrevida dos pacientes.”, explica o responsável técnico.

Rodrigues continua explicando que “Em lesões maiores ou próximas a regiões nobres do cérebro, pode-se utilizar a mesma técnica estereotáxica de localização e precisão, porém a dose de radiação é dividida em frações diárias, minimizando os riscos, sendo aí chamada de radioterapia estereotáxica fracionada, outra técnica possível de radioterapia de alta tecnologia”.

O médico ainda comemora que o equipamento beneficiou mais de 270 pacientes na região, utilizando a radioterapia de alta tecnologia, sendo que mais de 80% desses pacientes são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). “Lembrando que estas técnicas não são amplamente disponibilizadas pelo SUS e este aparelho é o único da região sudoeste a oferecer tais benefícios.”, finaliza.

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