MPPR denuncia padre afastado por 21 crimes em Cascavel

O Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio da 15ª Promotoria de Justiça de Cascavel, denunciou criminalmente um padre afastado de 42 anos pela prática de 21 crimes distintos contra 13 vítimas, com idades entre 12 e 48 anos à época dos fatos. A denúncia, oferecida na última sexta-feira (3 de outubro), tramita sob sigilo judicial.

Conforme o documento, o religioso é acusado de oito estupros de vulnerável, cinco importunações sexuais, dois crimes de violação sexual mediante fraude (um consumado e outro tentado), cinco crimes de tráfico de drogas — nas modalidades ministrar, induzir e vender —, além de um crime de entrega de substância nociva à saúde com finalidade medicinal.

Indenizações e prisão preventiva

Além da pena de prisão prevista na lei, o MPPR solicitou a condenação do denunciado ao pagamento de indenizações por danos morais e materiais às vítimas, com valores entre R$ 20 mil e R$ 150 mil.
A Promotoria requereu também a manutenção da prisão preventiva, com base na garantia da ordem pública e na conveniência da instrução criminal, nos mesmos termos da decisão judicial que converteu a prisão temporária em preventiva.

Investigação e Operação “Lobo em Pele de Cordeiro”

As apurações que resultaram na denúncia foram conduzidas pelo Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), no âmbito da Operação “Lobo em Pele de Cordeiro”, que investigou condutas praticadas desde 2010. Parte dos fatos preliminares foi arquivada por prescrição ou insuficiência de provas.

Durante as investigações, surgiram relatos de supostos crimes sexuais praticados por outro religioso, que não foi denunciado devido ao falecimento antes da conclusão do inquérito, o que levou à extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, inciso I, do Código Penal.

Novas investigações e apurações complementares

A denúncia apresentada inclui 25 requerimentos formais. Entre eles, o MPPR solicita que a 15ª Subdivisão Policial de Cascavel apure possíveis crimes de charlatanismo, exercício irregular da medicina e violação sexual mediante fraude pelo mesmo padre afastado.
Ao Nucria, foi pedido o prosseguimento das investigações sobre outro caso de violência sexual, supostamente ocorrido em um seminário, e à Delegacia de Campo Mourão, a apuração de novos crimes contra a dignidade sexual, ainda sem autoria definida.

Transferência para o Complexo Médico Penal

A 15ª Promotoria também requereu à 10ª Promotoria de Justiça a abertura de um procedimento na Vara de Corregedoria dos Presídios para verificar as razões da transferência do denunciado ao Complexo Médico Penal (CMP), em Curitiba.
A mudança, realizada em 15 de setembro, teria ocorrido sem comunicação prévia à Polícia, ao MP ou ao Judiciário, o que motivou o pedido de apuração. O padre segue recolhido no CMP.

Possível desvio de doações e bens paroquiais

O MPPR ainda encaminhou cópias dos autos ao presidente do Tribunal e ao Vigário Judicial da Arquidiocese de Cascavel, para que sejam investigados indícios de desvio de recursos de doações e uso indevido de bens da paróquia para fins pessoais ou para a prática de possíveis atos ilícitos.

Reparação coletiva e danos difusos

Os autos também deverão ser remetidos à 12ª Promotoria de Justiça de Cascavel, especializada em Garantias Constitucionais, com o objetivo de buscar reparação civil pelos danos individuais e coletivos causados às famílias das vítimas e à comunidade.
A Promotoria aponta possíveis violações de direitos fundamentais, incluindo liberdade religiosa e de consciência, e prejuízos decorrentes da exploração da fé, vulnerabilidade socioeconômica, dependência química e sexual.

Ministério Público do Paraná aguarda agora o recebimento formal da denúncia pela Justiça e o deferimento dos pedidos formulados na ação penal.

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