Dirceu Antonio Ruaro*
Conforme disse aos meus leitores, o mês de agosto é conhecido como o mês vocacional. Nessa linha de raciocínio, comemoramos no último domingo o Dia dos Pais. Certamente em muitas residências houveram momentos de confraternização na família e homenagens dos filhos aos seus pais. Foram também momentos de recebermos presentes e, em muitas famílias, preces de agradecimentos pelos pais.
Penso que, da parte dos pais, de muitos pais, o agradecimento a Deus ou a vida, por ter recibo a nobre missão e, também, a responsabilidade de criar e educar os filhos que foram recebidos.
E, quem sabe, distanciados das homenagens, das frases bonitas e de muitas frases feitas fosse interessante parar e pensar, pois quando nos tornamos pais, não recebemos um “manual” de como nos tornar pais, de como sairmos da simples posição de homens para pais.
Há aqui uma questão imensa e profunda. É diferente ser homem e ser pai. E não é só uma questão de gênero. Penso que talvez seja a vocação mais difícil que a vida reservou ao homem.
A paternidade não tem, com certeza absoluta nenhum manual de instruções. Mesmo que haja, e há, milhares de autores indicando caminhos, regras, normas, e até receitas, cada caso é um caso ou melhor: cada paternidade é uma paternidade.
Cada vocação paterna é diferente. Pode ser igual genericamente falando, mas na essência é diferente. Não existem dois pais iguais. Não existem dois filhos iguais. E, por isso mesmo, não há receitas.
Particularmente aprendi e aprendo a cada dia, apesar dos filhos crescidos e já serem pais também, que não existe isso de “estar pronto para ser pai”. Não existe essa pretensa “prontidão”. Ser pai é um aprendizado constante, diário, cotidiano, sem tréguas.
E o aprendizado é na prática, no dia-a-dia. Bem por isso é importante entender e refletir sobre o papel do pai na família, especialmente na família contemporânea.
Olhando o passando, o papel do homem na sociedade e, por consequência, também o papel do pai, entende-se que se lhe atribuía o papel de “provedor”, no sentido de que era ele quem cuidava de atender a todas as necessidades físicas, materiais da família. Essa era a grande função. Cuidar para que nada faltasse. E essa ordem ou ordenamento social estendia-se na questão material, especificamente. Então o papel era esse mesmo, não poderia deixar falta nada materialmente falando, não importando os sentimentos ou as emoções.
Outro papel exercido pelo pai foi o de protetor da família. Ou seja, ele era a figura que deveria afastar as más influencias dos membros da família. Ele deveria “proteger” a família e especialmente as “filhas” de todas as maldades e todas as influências da sociedade, preservando sempre o “bom nome da família”.
Evoluímos e chegamos aos patamares de hoje. Precisamos aqui dar um salto no tempo. Chegamos à família contemporânea. Não há comparação com a família tradicional, monogâmica ou de épocas passadas.
Na família contemporânea as funções de pais e mães são complementares e interdependentes, ou seja, uma não se sobrepõe mais à outra. E, queiramos ou não, os filhos precisam que essas funções sejam assim exercidas pois é de extrema importância para o seu desenvolvimento e para a formação de suas personalidades.
Defendemos sim que o pai exerça um papel central na família, mas não um papel centralizador, um papel que será diferente na qualidade das emoções e sentimentos mas, igualitário na participação e decisão das questões educacionais dos filhos.
Não é possível ser pai sem a troca com o filho, por isso a paternidade exige “presença” e é um exercício prático. Não é possível ser pai na teoria, as mudanças pelas quais a sociedade passa está a construir um novo papel para o homem e para o homem-pai, que certamente, trará muitos ganhos para o ser humano “homem” ao tornar-se “pai”, pense nisso enquanto lhe desejo boa semana.
*Dirceu Antonio Ruaro
Doutor em Educação pela UNICAMP
Psicopedagogo Clínico-Institucional
Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER
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