Na Carta Apostólica Patris Corde – “Com coração de pai” – do Papa Francisco, publicada no dia 8 de dezembro de 2020, o pontífice mostra-nos, de modo simples e profundo, a figura de São José, protetor dos trabalhadores, cuja data celebra-se no dia 1 de maio, na próxima quinta-feira. Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores, disse Francisco, aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o “Padroeiro da Igreja Católica”, o Venerável Pio XII apresentou-o como “Padroeiro dos Operários” e São João Paulo II, como “Guardião do Redentor”. O povo invoca-o como “padroeiro da boa morte”.
Um aspeto que caracteriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum, de Leão XIII (1891) – é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão, fruto do próprio trabalho. Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.
O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização, não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?
A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é econômica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova “normalidade”, em que ninguém seja excluído.
Mensagem dos bispos ao Povo Brasileiro durante a 61ª Assembleia Geral
Esse cenário de violência se agrava pela precarização do mundo do trabalho e a tragédia do desemprego. Por ocasião da Festa do 1º de maio, que se aproxima, a Igreja, inspirada em São José Operário, se une solidariamente aos trabalhadores e trabalhadoras nas suas memoráveis lutas por condições dignas de vida e trabalho, bem como com aqueles que continuam enfrentando antigos e novos problemas. Entendemos que o Brasil necessita de um novo marco legal que garanta a prioridade do trabalho, do bem-estar humano e da geração de emprego e renda, principalmente para os jovens. Todos os segmentos da sociedade brasileira devem defender a vida na sua integralidade e agir solidariamente em prol de um país economicamente humanizado, politicamente democrático, socialmente justo e ecologicamente sustentável.
Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde possamos comprometer-nos até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho no Sudoeste do Paraná, território da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão.
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
Comentários estão fechados.