O chanceler comentou que o tema ganhou o centro do debate público em países de diferentes perfis, que cada vez mais a preocupação do consumidor com aspectos ambientais e sociais da cadeia de produção dos bens consumidos é uma realidade incontornável e que grandes investidores são pressionados a montar carteiras “verdes”. “Com isso, não é exagero dizer que a sustentabilidade se tornou questão de acesso a mercados e de atração de investimentos”, constatou.
Para o ministro, no entanto, a promoção da sustentabilidade da economia doméstica não deve se pautar por motivos “meramente mercantis”. “Somos movidos, antes de tudo, pela compreensão de que o planeta é um só, e que urge preservá-lo para as gerações futuras. Mas seria um erro desconsiderar que, no século XXI, a sustentabilidade adquiriu, também, uma marcada dimensão econômico-comercial”, pontuou.
França prometeu que em sua atuação continuará a valorizar os ativos ambientais brasileiros, com ênfase na composição da matriz energética; no caráter intensivo em tecnologia da agropecuária e na legislação de proteção ambiental.
Ele comentou também sobre a Cúpula de Líderes do Clima promovida na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “O presidente Bolsonaro foi além. Assumiu o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030. Expressou a disposição brasileira de antecipar para 2050 o prazo para atingirmos a neutralidade climática. E afirmou seu comprometimento com duplicação do orçamento de fiscalização ambiental, ferramenta necessária para cumprimento de nossas metas”, citou.
O chanceler ressaltou que o Brasil se prepara para participar da COP26, prevista para realizar-se em novembro, na Escócia. “Acreditamos que será possível concluirmos as negociações pendentes para a completa implementação daquele acordo.” A principal questão remanescente para a COP26, de acordo com ele, é a regulamentação do Artigo 6º, que tratará das bases para o mercado global de carbono.
“Outra questão especialmente cara ao Brasil é levar os países desenvolvidos a cumprir com sua obrigação de assegurar aos países em desenvolvimento meios apropriados de implementação de políticas de mitigação e adaptação à mudança do clima”, disse. “O Brasil é uma potência ambiental. Isso nos traz responsabilidades, e estamos cientes delas. E isso nos abre possibilidades, que seguiremos explorando”, afirmou.
Rede consular
Carlos Alberto de Franco França também disse que pretende obter recursos federais para ampliar a rede consular do País. A ideia, de acordo com ele, é criar pelo menos mais três novos postos no ano que vem, um na Ásia e dois no Ocidente. “Hoje a missão mais importante e nobre do Itamaraty é assistência consular”, avaliou.
O chanceler fez esse “anúncio” durante participação na reunião extraordinária da comissão de relações exteriores e defesa nacional da Câmara dos Deputados convocada para tratar das prioridades do MRE para 2021 e outros temas atuais da política externa brasileira.
França, no entanto, não deu mais detalhes sobre quais os países estão em seu foco e nem descreveu se a intenção é baseada em recursos já previstos para a Pasta ou se será necessária uma quantia extra para tal.
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