“Ficava com medo de ler livros brasileiros clássicos porque todo mundo falava que era muito difícil”, conta. Depois de abrir as portas para o cânone literário, leu de F. Scott Fitzgerald a Charles Dickens, passando por Jorge Amado e George Orwell. Felipe ainda dedica expressivo espaço em sua estante para as obras de Agatha Christie, uma das quatro mulheres entre os 15 autores mais citados pelo público na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2020. A britânica figura como a autora preferida do estudante junto com Machado de Assis.
Editoras têm resgatado histórias raras e clássicos da literatura mundial com uma premissa: adaptar sua linguagem ao mundo atual, com elementos visuais e a inclusão do digital na experiência do leitor. Existe um facilitador: no Brasil, após 70 anos da morte do autor, suas obras caem em domínio público. O País é signatário da Convenção de Berna. Ou seja, é possível publicá-las sem pagar pelos direitos autorais do texto original.
“Essas histórias têm o mesmo potencial de tocar e emocionar as pessoas que tinham antes”, defende Jezio Gutierre, diretor-presidente e editor executivo da Fundação Editora da Unesp. Mas justamente a ideia de que este tipo de literatura é mais difícil de compreender muitas vezes afasta possíveis leitores. “Existe um desafio típico do processo de leitura – não apenas dos clássicos. Nosso objetivo é dessacralizar essa impressão que, em grande parte, me parece injusta e errônea”, explica Gutierre.
A editora lançou a coleção Clássicos da Literatura Unesp com o intuito de preencher as lacunas de acesso ao cânone literário brasileiro e mundial. “É um empobrecimento de qualquer indivíduo ou população não ter acesso aos clássicos”, opina Gutierre. “Queremos propiciar um canal sólido de vivência literária. Quando um público não tem esse contato, está retirando dele esse tipo de prazer.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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