Dom Edgar Xavier Ertl
Neste domingo, 21 de maio, celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu. Jesus conclui sua missão, despede-se dos seus e é elevado ao Céu e seu Pai o glorifica. Porém, Jesus antes de subir ao Céu prometeu aos discípulos o Espírito Santo – Paráclito, Defensor. Diz João: “Mas o Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (14,26). No capítulo seguinte ouvimos de Jesus outra vez falar do Defensor/Velador: “Quando vier o Velador [Defensor] que vos enviarei da parte do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26). Jesus garante-nos que o Espírito Santo, o Defensor, acompanhará a sua Igreja, povos e nações do futuro (cf. Jo 16,7). O Espírito Santo é o grande acompanhante do futuro da missão evangelizadora da Igreja. E o objeto do testemunho dos discípulos missionários é a pessoa de Jesus Cristo e sua obra. Os discípulos hão de ser testemunhas históricas, porque acompanharam Jesus no seu ministério, e testemunhas inspiradas da sua missão transcendente. Ela ultrapassa nossos condicionamentos humanos porque Ele veio da parte do Pai e volta ao Pai.
“Se eu não for, o Defensor/Velador não virá sobre vós […]. Quando ele vier, o Espírito da verdade, vos guiará para a verdade plena” (Jo 16,7.13). Não é que o Espírito traga novas revelações, mas vai conduzindo para percebermos as obras de Jesus realizadas sob a ação do Espírito Santo. O Espírito Santo nos atualiza de forma crescente e continuada o que Jesus realizou e continua realizando através de sua Igreja. O termo grego “Parakletos”, que se costuma traduzir como “defensor”, significa literalmente “aquele que está ao lado”, para defender, apoiar, consolar, sustentar, velar… Por esse motivo, alguém já insinuou que a tradução mais de acordo seria tanto de “advogado defensor” como de “assistente social” – “a pessoa que ajuda uma outra com sua influência ou poder”. Logo, ao partir, Jesus promete enviar em seu lugar o Espírito Santo que nos guia, nos defende, nos consola e advoga em nosso favor. Enfim, é esse Espírito que nos encoraja a sermos fiéis ao mandamento novo do amor.
A “vocação suprema”
O livro dos Atos dos Apóstolos narra o acontecimento da ascensão – a elevação de Jesus aos céus: “Jesus, após sua ressurreição, apareceu aos discípulos durante quarenta dias e depois foi elevado na presença deles” (At 1,9). Em 2006, o Papa Bento XVI comentou esse versículo bíblico: Este “último gesto de Jesus” encerra um duplo significado: “Antes de tudo, ascendendo ao “alto”, Ele revela, de modo inequívoco, sua divindade”, sublinhou. E é que “volta para o lugar de onde veio – acrescentou –, isto é, a Deus, depois de ter realizado sua missão na terra”. Disse ainda o Ratzinger que “também Cristo ascende ao Céu com a humanidade que assumiu e que ressuscitou dos mortos: essa humanidade é a nossa, transfigurada, divinizada, feita eterna. Portanto, a Ascensão “revela a ‘vocação suprema’ de toda pessoa humana: está chamada à vida eterna do Reino de Deus, Reino de amor, de luz e de paz”, concluiu Bento XVI.
O estilo do ressuscitado
No dia 24 de maio de 2020, o Papa Francisco disse que “com a promessa de permanecer conosco até o fim dos tempos, Jesus inaugurou o estilo de sua presença no mundo como ressuscitado. Jesus está presente no mundo, mas com outro estilo, o estilo do Ressuscitado, ou seja, uma presença que se revela na Palavra, nos sacramentos, na ação constante e interior do Espírito Santo”.
Por fim, somos convidados nesta ascensão do Senhor a testemunhá-lo segundo o relato ouvido no texto lucano: “Homens da galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus, que vos foi levado ao Céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o Céu” (At 1,11).
Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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