A preocupação com os impactos da deriva de agrotóxicos em culturas sensíveis como a uva e o bicho-da-seda pautou uma reunião técnica realizada nesta sexta-feira (6), em Maringá, Noroeste do Paraná. O encontro ocorreu na sede regional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) e contou com a presença de representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), pesquisadores e empresas do setor de defensivos agrícolas.
A deriva de agrotóxicos ocorre quando produtos aplicados em lavouras são levados pelo vento ou condições climáticas para áreas vizinhas, podendo causar danos a cultivos como videiras e amoreiras, além de impactos ao solo e à qualidade ambiental.
Fiscalização e capacitação no combate à deriva
Durante o encontro, o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, Renato Young Blood, destacou o trabalho desenvolvido nos últimos anos para enfrentar o problema. “Capacitamos nossos fiscais e investimos na melhoria dos pulverizadores em Marialva. Hoje, mais de 90% dos maquinários estão adequados para aplicação dos defensivos agrícolas”, afirmou.
Um dos destaques foi a Operação Agro+, realizada em 2023, que inspecionou 260 pulverizadores em Marialva — maior produtor de uva do Estado, com mais de 10 mil toneladas colhidas e Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 70,4 milhões. A ação combinou fiscalização técnica e orientação aos produtores para correção de irregularidades.
Sericicultura também é prioridade
Além da vitivinicultura, a sericicultura (criação do bicho-da-seda) foi tratada como prioridade no combate à deriva de defensivos. O uso indevido de inseticidas pode contaminar as amoreiras, planta base da alimentação das lagartas, comprometendo a produção de casulos.
O Paraná é responsável por 86% da produção nacional de casulos, com 1,4 mil toneladas colhidas em 2023 e VBP de R$ 39,2 milhões. O município de Nova Esperança lidera o setor, com 138,8 toneladas produzidas em 277 hectares.
A Adapar confirmou que a sericicultura será incluída nas ações de prevenção e fiscalização, com o intuito de ampliar a orientação técnica em áreas de maior sensibilidade.
Parcerias com empresas e ações preventivas
Durante o evento, representantes das empresas do setor acompanharam apresentações técnicas da Adapar sobre o uso correto de defensivos, os cadastros de pomares de uva e as recomendações para reduzir os riscos de contaminação cruzada.
O encontro também serviu como espaço para que as empresas propusessem soluções e alternativas tecnológicas voltadas ao uso responsável dos produtos. Entre as ações em andamento no Estado, está o mapeamento preventivo de pomares de uva, iniciado em maio, com o objetivo de orientar políticas públicas mais eficientes no controle da deriva.
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