A inauguração teve ainda a apresentação da banda Pequeno Cidadão, do Maestro João Carlos Martins e do dançarino Carlinhos de Jesus. Neste primeiro dia de funcionamento, os usuários aprovaram o Parque Augusta. “É maravilhoso. A melhor coisa que poderia ter acontecido para São Paulo”, disse a aposentada Lurdes Marquezzi, 60 anos.
Morador de um edifício localizado exatamente em frente ao parque, Eduardo Neves, 62 anos, comemorou. “Foram tantas idas e vindas. Agora, é só aproveitar. Moro em frente. Para mim será fantástico”, falou.
A autônoma Ana Paula Soares da Silva, 37 anos, só espera que o parque tenha uma conservação constante e eficiente. “É preciso manter a limpeza, o verde e tudo o que estamos vendo hoje na inauguração”, disse.
Neste fim de semana, a Prefeitura instalou um posto de vacinação contra a covid-19 dentro do próprio parque. Na fila para tomar a segunda dose, o zelador Emerson Rogério Felicidade, 43 anos, respirava aliviado. “Trabalho em um prédio aqui perto. Quando soube do posto, resolvi aproveitar. Hoje, não consigo passear, mas tenho certeza que será muito útil para quem frequenta a região”, falou. O Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas vai funcionar diariamente das 5h às 21h.
O Parque. – Com 23 mil metros quadrados, o novo parque tem cachorródromo, arquibancada, parquinho e outros equipamentos de descanso, lazer e atividades físicas. O antigo bosque e os caminhos centenários, datados ao menos desde a instalação do Colégio Des Oiseaux nos anos 1910, foram preservados.
A entrada principal é pelo antigo portal da Rua Caio Prado, que passou por restauro (mas também é possível entrar pela própria Rua Augusta). O boulevard que ligaria o espaço à Praça Roosevelt (pela Rua Gravataí) não saiu do papel até o momento e passou para responsabilidade da Prefeitura. Segundo nota da gestão municipal, foi dado início “às tratativas intersecretariais necessárias para dar início à confecção do projeto”.
A instalação do Parque Augusta foi determinada no Plano Diretor de 2002, reconhecimento que ganhou uma lei própria depois. O terreno era utilizado como estacionamento, além de abrigar atividades diversas e ter sido cogitado para empreendimentos habitacionais e comerciais. Em 2018, a Prefeitura fez um acordo com as construtoras proprietárias, após mais de 20 anos de mobilização de moradores e associações do entorno.
Os custos do Parque Augusta foram de cerca de R$ 11 milhões, de acordo com a Prefeitura, pagos pelas duas construtoras (que haviam descumprido algumas determinações específicas do local). Em troca, ambas ganharam créditos para erguer prédios acima do limite mínimo em outras áreas da cidade sem a necessidade de pagar taxa adicional.
A entrega das obras foi adiada em 2020 e ao longo de 2021. Entre os motivos apontados pela Prefeitura, estão a pandemia da covid-19 e a determinação de prospecção arqueológica no local, no qual foram encontradas e 2.493 peças (como pedaços de louça, por exemplo).
Protestos. – Antes mesmo do prefeito Ricardo Nunes falar na inauguração, uma representante do Conselho Gestor do Parque, Ana Claudia Banin, leu um manifesto. “Como espaço popular e democrático, é um lugar (o parque) no qual não devem se sobrepor quaisquer referências a grupos políticos, sociais, ideológicos ou religiosos – se assim fosse, não seria popular. É por isso que nós conselheiros recebemos e endossamos diversas manifestações populares para que o Parque Augusta siga sendo chamado somente de Parque Augusta, pois como tal ele nasceu e para todos nós ele é e continuará sendo sempre Parque Augusta.”
Com a adesão de servidores públicos, que protestavam contra a reforma da previdência, a temperatura das manifestações subiu. Nunes foi vaiado e chamado de mentiroso. Ao microfone, Nunes disse estar ao lado da democracia e ter sangue nas veias. “Estou do lado de quem defende a democracia de verdade”, disse. O prefeito saiu sem falar com a imprensa.
O próprio filho do ex-prefeito Bruno Covas, Tomás Covas, defendeu o legado do pai em relação ao parque, dizendo que ele “lutou muito” para que o lugar fosse inaugurado. “Não vai ser meia dúzia de gato pingado que vai estragar isso aqui”, falou. Karen Ichiba de Oliveira, ex-mulher de Covas, foi ao microfone para pedir calma e dizer que “o parque era de todos”. “Por que vocês estão fazendo isso?”, perguntou.
Ana Claudia, do Conselho Gestor, afirmou que o Conselho tem respeito pela memória e trabalho de Bruno Covas. “O protesto não é um desmerecimento da figura pública do ex-prefeito. Nosso ponto é o respeito à história do parque e a todos que lutaram pela sua criação. Nós reivindicamos, ao menos, uma consulta pública sobre o nome do parque”, disse.
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