Com o objetivo de dar maior atenção e qualidade de vida para crianças com o Transtorno de Espectro Autista, com deficiência visual, auditiva e outros transtornos, o município de Pato Branco está trabalhando em um projeto para criar um espaço especial de apoio e desenvolvimento dessas crianças.
O projeto do Centro de Educação Especial está sendo desenvolvido pelo arquiteto e urbanista da Secretaria de Planejamento Urbano, Emerson Michelin, com o apoio da Secretaria de Educação e profissionais da área.
Pós-graduado em neuro arquitetura, Emerson chegou a visitar um espaço nos Estados Unidos para ter ideias sobre o estudo e conhecer espaços arquitetônicos destinados aos tratamentos necessários.
No projeto, consta que “os autistas possuem uma percepção diferenciada dos ambientes que frequentam, pois possuem uma sensibilidade extrema em relação a audição, visão e tato. Dessa forma, a pesquisa busca fazer considerações a respeito, de como os ambientes podem ser elaborados e organizados de forma a atender as necessidades dos usuários ao mesmo tempo em que proporcionam conforto e estímulos sensoriais para colaborar no desenvolvimento”.
Entre as diversas pesquisas realizas, Emerson destaca a necessidade de estruturar e adequar os espaços para esses usuários e, por isso, toda a metodologia a ser utilizada foi levantada a partir desse estudo, porém, também foi destacado o desafio pela frente, já que a medicina ainda não desvendou totalmente padrões ideais para tratamentos e espaços a serem ofertados.
Os ambientes ofertados para as crianças deverão ser adequadas aos alunos e suas particularidades, ofertando cuidados especiais quanto a disposição da mobília e materiais a serem utilizados.
“A percepção dos espaços pelos autistas é diferente das pessoas não autistas, assim como não há padrões dentro de cada grau do espectro, sendo distinta de um portador para outro”, comenta, apontando ainda que “os cuidados com a estimulação sensorial são importantes, pois eles possuem maior sensibilidade a luz, cores, texturas e sons, além de dificuldade em processar e organizar informações”.
O conforto ambiental também será buscado, com o objetivo de reduzir a temperatura nos ambientes internos a partir da ventilação natural, telhados quebra sol, espelho d’água e uso da vegetação, que também diminuirá os ruídos.
Para o conforto visual, o estudo aponta o uso das cores e da iluminação para facilitar o desenvolvimento de atividades e manter o ambiente agradável, acolhendo as crianças e permanecendo parecido com locais já vivenciados por elas.
O local deverá contar com atendimento de profissionais especializados e ser totalmente acessível e adequado para as condições dos usuários. O Centro de Educação Especial, a princípio, deverá ser alocado próximo ao PB Shopping e contar com 3.937,5 m² de área construída e, para Emerson, essa é uma grande conquista para o município.
“Neste tempo todo convivi com o despreparo e a falta de pessoas capacitadas nas escolas. Este centro não vai tirar a criança da escola, porém, ofertará um centro de apoio, terapias e desenvolvimento com profissionais especialistas”, comenta o arquiteto, destacando que seu filho, de oito anos, também é autista.
Andamento
Segundo Emerson, o Prefeito de Pato Branco, Robson Cantu, está em busca de verba para executar todo o projeto desde o início do estudo e, atualmente, está trabalhando no detalhamento e projetos complementares. “Queremos ver se até metade do ano ou, mais tardar, final do ano, conseguimos dar andamento”, comenta.
Mesmo sem a definição do número de crianças a serem atendidas, já sabe-se que diversos atendimentos serão disponibilizados, como Terapia Ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia, musicoterapia e também deverá contar com uma mini fazenda, onde haverão animais para auxiliar nos tratamentos e será disponibilizado a equoterapia, além de diversas outras terapias alternativas.
“O espaço tem que ser adaptado a ela conforme a necessidade de cada um, o espaço tem que ser aconchegante e abraçar a criança para que ela se sinta segura e a vontade. Por isso estou estudando bastante os espaços e fazendo uma intensa pesquisa para que tudo saia como o esperado”, conclui.
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