Nota atingida na avaliação de 2021 corresponde à média projetada para o ano, contudo, em 2019 e média obtida pelas séries iniciais da Educação Básica do município foi de 7,3
É inegável que a pandemia de covid-19 vai deixar marcas na sociedade mesmo depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declare seu fim. E este foi um dos pontos centrais da apresentação dos recentes dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), na sexta-feira (16), por parte do Ministério de Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
E já na primeira avaliação do Ideb, após o início da pandemia, é possível observar que parte do desafio que educadores e gestores da educação terão pela frente para compensar a formação prejudicada durante o período de isolamento social e aulas remotas.
Um exemplo claro é o mais recente índice de Pato Branco. Em 2019, antes da pandemia iniciar, as séries iniciais da Educação Básica, ou seja, o que compete ao Município em se tratando de educação pública, a média foi de 7,3.
Já a avaliação aplicada no ano passado e divulgada na sexta, revela uma queda da 0,7 na média municipal, ficando em 6,6. Vale lembrar que a média obtida em 2021, era a projetada para o ano, contudo, ela já tinha sido superada em 2015, quando a média foi de 7,1. Na avaliação anterior, em 2013, o município tinha 6,3.
Ao avaliar o índice de 6,6 da Educação Básica de Pato Branco, a secretária de Educação e Cultura Jusara Ritzmann recordou que a avaliação do Inep foi realizada no final de 2021, pouco depois de os estudantes terem regressado para as salas de aula.
Jusara faz questão de destacar que o atendimento remoto não se iguala ao presencial em termos de educação básica. “As professoras encaminhavam as atividades, que eram devolvidas pelos pais nas escolas, e eram feitos alguns procedimentos para avaliar as atividades entregues”, recorda a secretária completando, “nós sabíamos que haveria uma queda do índice”, e que esta regressão no indicativo não é uma exclusividade de Pato Branco, mas da educação como um todo.
“Claro, não esperávamos que houvesse uma pandemia, e que houvesse uma elevação do índice de 7,5, que há tínhamos atingido em 2017, então houve a queda em 2019, para 7,3, e o que queríamos era recuperar essa defasagem, só que com a pandemia, não foi possível”, sintetizou a secretária.
Meta projetada
O 6,6 obtido pela Educação Básica pública de Pato Branco nas séries iniciais, corresponde a meta projetada pelo MEC para 2021, no entanto, Jusara fala que a intenção foi de progressão do índice.
Como forma de estancar o déficit criado involuntariamente, a secretária falar em recuperação das lacunas de aprendizagem, principalmente em português e matemática, áreas do conhecimento que foram avaliadas no Ideb, mas também nas demais áreas educacionais.
“Desde o início do ano realizamos avaliações diagnósticas bimestrais, para o acompanhamento e a evolução dessas crianças. Posterior a avalição temos formação dos professores nestas áreas de defasagem”, explica a secretária de Educação revelando que este processo a que os professores são submetidos tem por objetivo novos métodos de ensino aprendizagem.
Já em sua posse, em agosto, Jusara deu sinais de como deve ser o caminho para os próximos anos do Ensino Básico no que compete ao Município, “tem que estender o atendimento do tempo para essas crianças, oferecer projetos que possam favorecer esse desenvolvimento para que elas venham a ter sucesso e que voltemos novamente a ter índices significativos de resultados para os alunos como um todo”, disse ela na ocasião e que nesta segunda-feira (19), voltou a repetir. “Temos que ampliar a demanda de tempo das crianças. Não dá para somente no regular atender a essas demandas, então temos que junto as oficinas de contraturno ter a recuperação de letramento e matemática.”
Queda geral
Das 23 escolas da Rede Municipal de Ensino, que tiveram as provas do Idep aplicadas e dados divulgados, cinco não atingiram nem mesmo a média 6 na avaliação.
Contudo, Jusara chama a atenção de que até mesmo escolas que tiveram índice acima da média da Rede, apresentaram quedas consideráveis na comparação com a avaliação aplicada em 2019.
“Estamos olhando primeiro para esta realidade [escolas que não atingiram índice 6], oferecendo tudo o que podemos de acompanhamentos com nossa equipe pedagógica, um diálogo bem franco diante dessas realidades. Mas também observamos escolas que estavam com índice elevado e tiveram dificuldades de manter, porque todas elas tiveram declínio”, contextualiza a secretária.