Encontros debatem o manejo de solo para evitar a erosão

Ação vem sendo realizada após Município ter sido notificado pelo Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema) do Ministério Público do Paraná (MPPR)

Nessa terça-feira (2), foi realizado na comunidade de Independência, em Pato Branco, o terceiro de um ciclo de quatro encontros com produtores rurais para debater a legislação atual e medidas para enfrentar a erosão de solo.

Organizados pela Secretaria Municipal de Agricultura, com participação do curso de Agronomia do Centro Universitário Mater Dei (Unimater), do   Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IRD-Paraná) e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a ação que segue orientação do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema) do Ministério Público do Paraná (MPPR), já foi realizada nos núcleos de Passo da Ilha e São Caetano, e deve ocorrer na próxima semana em Sede Gavião, concluído assim, esta etapa do trabalho.

A secretária de Agricultura de Pato Branco, Vanessa Zanon comenta que a promotora Ivana Ostapiv Rigailo, que atua no Gaema, notificou o Município no ano passado, para que fossem tomadas providências, com ações envolvendo os produtores rurais para tratar de uso e conservação de solo.

Segundo ela, ainda no ano passado foram tomadas as primeiras medidas para que de fato iniciasse o conjunto de encontros, que foi pensado por setores.

Vanessa comenta que a preocupação demonstrada pelo Gaema ficou evidente em outubro passado, quando um grande volume de chuva, provocou estragos em lavouras. “Em outubro, o problema [da conservação indevida de solo] foi escancarado. Claro, foi um volume de chuva anormal, mas que muitos problemas poderiam ter sido evitados”, afirma a secretária ao elencar conservação de estradas, de pontes e bueiros que tiveram que ser executadas pela Secretaria, mas também de prejuízos registrados em diversas propriedades.

A secretária lamentou a baixa adesão dos produtores, em todos os encontros realizados, segundo ela, pela importância da temática trabalhada, no entanto Vanessa diz acreditar que “os produtores que participaram destes encontros sejam multiplicadores dessas informações.”

Durante todos os encontros, segundo Vanessa, a observação recorrente dos produtores é de que em caso de uma grande precipitação de chuva, em um curto intervalo de tempo, não há conservação de solo, tipo de base que vá segurar a água. Contudo, a secretária rebate afirmando que “a partir do momento que um produtor fizer, e os outros vizinhos também fizerem, pode ser que ocorra o rompimento da base, mas o dano será bem menor. Com isso o produtor estará perdendo menos solo, menos adubo, semente”, conclui.

Legislação

Fiscal de Defesa Agropecuária da Adapar, Adriana Lazaroto lembra que de maneira geral o agricultor tem avançado tecnicamente, ao mesmo tempo em que tem muitas ferramentas tecnológicas que fizeram com que a agricultura chegasse ao atual patamar.

Entretanto, ela pondera que “temos identificado frequentemente que em contra partida a isso, alguns problemas de solo têm crescido, principalmente questão de erosão, que sai da lavoura e vai para as estradas.”

Para Adriana, esse é um momento de sinal de alerta, uma vez que identificado o problema, precisa ser melhor trabalhado para evitar problemáticas, “como tem acontecido frequentemente nos nossos municípios quando um volume de chuva maior acontece”, completa.

Além de enfatizar que a legislação vigente no Estado, Adriana vem buscando destacar que a conservação de solo é essencial para a sustentação da agricultura como está estabelecida atualmente. “Mas, vale darmos um passinho para trás para cuidar de cobertura de solo, rever a questão mecânica, se há possibilidade ou necessidade, do que nessa ou na próxima safra começarmos a ter prejuízos e chegar em um nível de agravamento que inviabiliza em algum momento nossa produção.”

Economia

Engenheiro agrônomo e professor do Unimater, Ricardo Beffart Aiolfi destaca que “o processo de erosão consiste em uma perda significativa da camada superficial do solo”, que segundo ele pode varia de 10 a 15 centímetros dependendo das condições da área. Ele também faz questão de destacar que é nesta camada que está o maior investimento do produtor, uma vez que nela estão depositadas as sementes, os fertilizantes, a matéria orgânica está em maior quantidade.

“Tudo isso que teve um valor investido, para ter uma produção adequada, estamos perdendo [com a não conservação]. Temos resultados que aproximadamente um saco [60 quilos] por hectare de soja seria perdido em um solo com cobertura intermediária”, exemplifica Aiolfi não mensurando a perda de água que deixa de ser armazenada no solo e por consequência, reduzem a capacidade de produção das plantas no decorrer do ciclo, o que leva o engenheiro agrônomo afirmar que “são diferentes fontes de prejuízo causados pela erosão de solo.”

De acordo com Aiolfi uma das principais soluções para resolver a erosão do solo é a manutenção de cobertura de solo, o tempo todo, principalmente com palhada e plantas vivas, ao mesmo tempo, ele destaca a importância da rotação de culturas e o sistema de terraceamento da lavoura.

Segundo ele, os produtores aceitam muito bem a cobertura de solo, enquanto que se observa algumas barreiras quando se trata de rotação de cultura, o que se torna ainda mais acentuado em se tratando de terraceamento.

No caso do terraceamento, o profissional comenta que “de modo geral, o terraceamento é visto como uma técnica que atrapalha o tráfego de máquinas na propriedade. Como o produtor hoje tem uma vontade de fazer suas operações rápidas, de modo que tenha menores perdas por amassamento, em especial nas pulverizações, ele acaba fazendo o manejo morro acima, morro abaixo, e tendo um terraço no meio deste trajeto pode dificultar o processo de deslocamento da máquina”, diz ele finalizando “se pensarmos em uma forma de manejo integrado, o terraceamento é a de menor aceitação.”

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