Programa AH/SD trabalha altas habilidades de alunos em Pato Branco

Oficinas abertas a toda rede estadual de ensino são realizadas no Colégio da Polícia Militar; no próximo mês, alunos do programa, com habilidades artísticas, terão obras expostas na biblioteca municipal

Você que é pai ou professor, já se perguntou se seu filho ou aluno tem altas habilidades? De acordo com a professora de educação especial, Ingried Somacal Muller, que atua há seis anos na sala de altas habilidades/superdotação, atualmente instalada no Colégio da Polícia Militar (CPM) de Pato Branco, as características de um superdotado, normalmente, se apresentam já na infância.

Desempenho na área artística e vocabular acima da média, maior facilidade para aprender línguas e socializar, raciocínio incomum para a idade, atenção prolongada em assuntos de seu interesse, destaque em alguma matéria, melhor expressividade — são alguns dos sinais de que a criança pode ter uma ou várias altas habilidades.

De acordo Ingried, para que a alta habilidade seja identificada e trabalhada, ou seja, que o aluno consiga desenvolvê-la ainda mais, é muito importante que tanto pais, quanto professores, fiquem atentos a interesses por tradicionais atividades do cotidiano, como brincadeiras com lego ou equipamentos eletrônicos e até mesmo ao desempenho em avaliações dentro de sala de aula.

Como a professora comenta, se houver a continuidade de interesse, melhor desempenho ou presença de alguma das características, pode ser uma alta habilidade. “E aí, é importante o relato dos pais falando sobre como foi a gestação da mãe, a infância do filho e no que ele se destaca, para então, de fato, definirmos se há ou não alguma alta habilidade”, comentou.

Mas afinal, qual o objetivo de falar sobre crianças e adolescentes com desempenho acima da média? A intenção desta matéria é divulgar um projeto, já antigo no Município de Pato Branco, voltado exclusivamente para crianças e adolescentes com altas habilidades.

AH/SD- Altas Habilidades/Super Dotação

O AH/SD é uma iniciativa do Governo Estadual que existe em Pato Branco desde 2011. O programa tem por objetivo atender alunos, do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, que apresentam indicadores de desempenho acima da média em alguma área do conhecimento.

Hoje, o projeto é desenvolvido nas dependências do CPM, porém, antes de sua implantação, acontecia no Colégio Estadual La Salle. Como deixou de existir, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) autorizou que o colégio militar desse continuidade ao projeto, que é voltado para todos os estudantes de escolas estaduais do município.

Atualmente, são atendidos no programa 16 alunos, com idades entre 11 e 17 anos, em período contraturno. Com cada um deles, como explica Ingried, é trabalhado uma área específica. “Eu dou toda suplementação pedagógica, dentro da área do conhecimento que precisam. Quando não tenho esse entendimento, busco por fora, através de parcerias, para que eles recebam o atendimento necessário.”

Como participar do programa?

De acordo com diretora pedagógica da instituição de ensino, Susane Maria Tondo, para que a criança ou adolescente chegue até Ingried no CPM, é preciso um encaminhamento.

“Os talentos podem ser reconhecidos pelos professores em sala de aula, como também pelos pais ou pelos próprios colegas”, explica comentando que “o atendimento especializado é importante porque oferece grande oportunidade de crescimento cognitivo, pois, além de estarem realizando algo que gostam, também recebem suplementação deste conhecimento, tornando-os indivíduos mais realizados, tanto no aspecto acadêmico como social.”

A partir desta primeira identificação e encaminhamento, ocorre uma triagem. “Entrevistamos pais e professores, fazemos testes específicos da área onde se percebeu uma habilidade significativa e ouvimos os relatos pedagógicos da escola que frequentam. Só então, se comprovada a alta habilidade, o aluno é devidamente matriculado e passará a frequentar o programa.”

Projetos ofertados

Em Pato Branco, o AH/SD conta com oficinas de robótica, teatro, música, artes visuais, desenho, artesanato, inglês, raciocínio lógico, dança e produção literária.

Os alunos são divididos por área de interesse e habilidades. Cada um é atendido de acordo com um cronograma pré-estabelecido pela professora Ingried.

Pandemia

Com a covid-19, os projetos do programa estão acontecendo de forma remota. Toda a parte de triagem de novos alunos, assim como o atendimento aos já participantes, é feita online, através de chamadas de vídeo.

Exposição de obras

Entre 7 e 18 de junho, os alunos das oficinas de artes visuais do programa participarão de uma exposição na Biblioteca Pública Municipal Professora Helena Braun. Mais de 25 telas ficarão expostas ao público.

As vezes acho que ele pensa em inglês também”

Carlos Eduardo Fonseca Iagnecz, tem 12 anos de idade e aos 11 foi diagnosticado com autismo leve, do subtipo Asperger, associado a altas habilidades. De acordo com a mãe, Rachel de Souza Fonseca Iagnecz, o estudante do 7º ano do Ensino Fundamental do CPM, é fluente em inglês e só assiste algo se for na língua estrangeira, caso contrário, nem lhe chama atenção.

“Acho que ele pensa em inglês também porque as vezes me pergunta como é tal palavra em português”, conta Rachel explicando que o filho também se destaca em matemática, programação e robótica. Atualmente, Carlos Eduardo participa das oficinas de RPG, fanzine e robótica.

Cadu, como é chamado carinhosamente pelos pais e amigos, foi aluno da rede privada até o início de 2020. Com a pandemia, a condição financeira familiar se alterou e ele passou a estudar na rede pública. Seu contato com o programa ocorreu após apresentação de seu laudo médico a coordenação do CPM no ato da matrícula. Ao ver o documento, profissionais do colégio indicaram o projeto.

“Para nós foi uma surpresa conhecer o programa. Não tenho conhecimento de que algo parecido seja ofertado na rede particular. Se existe, acredito que não esteja no alcance da maioria das famílias, devido aos custos. Ali no projeto, além das oficinas, os alunos contam a profe Ingried, que tem muito carinho com eles. E isso, é muito importante para incentivar o conhecimento.”

Carlos
Eduardo Fonseca Iagnecz tem altas habilidades em línguas, matemática, robótica e programação


Crédito: Arquivo pessoal


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