Uso de veículos aéreos não tripulados para pulverização de agroquímicos

José Ricardo da Rocha Campos

Drones ou Veículo Aéreo não Tripulado (VANT) são algumas das denominações mais encontradas na internet para se referir aos veículos aéreos não tripulados e controlados remotamente. No presente texto, por ser um termo mais abrangente, utilizaremos o termo “VANT” para nos referirmos a estes veículos. Existem, atualmente, pelo menos três modelos básicos de VANT´s: a) o modelo de asa fixa, semelhante a um avião em escala menor; b) o modelo com asas rotativas, comumente conhecidos como Drones; c) modelos do tipo helicópteros que se assemelham a um helicóptero em escala reduzida.

Utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, os VANT´s chegaram ao meio agrícola, inicialmente, para geração de imagens de alta resolução e multiespectrais e, em função da demanda, foram adaptados a pulverização de agroquímicos.  Apesar de promissora, questões importantes como: “qual o melhor modelo de VANT para pulverização de agroquímicos” e “qual a concentração ideal da calda de pulverização para garantir boa eficiência no controle de pragas e doenças” ainda não foram respondidas.

Uma das principais vantagens da pulverização por meio de VANTs é o baixo volume de calda aplicada por litro do princípio ativo. Enquanto um pulverizador tratorizado transporta um volume de calda que varia de 200 a 3.000 litros, o VANT, necessariamente, carrega um volume muito menor que varia de 7 a 20 litros, reduzindo consideravelmente o volume de água potável empregada na operação.

Ainda em relação a pulverização convencional, o potencial de contaminação do operador na pulverização com o VANT também é menor, tendo em vista que durante quase toda a operação o VANT permanece distante do operador, seguindo um plano de voo pré-definido e controlado por GPS. Isto faz com que o contato do operador com o princípio ativo ocorra somente no momento de abastecer os tanques. Entretanto, há de se considerar que ainda são escassos os estudos sobre questões como a deriva dos produtos, bem como, os possíveis danos ambientais causados neste tipo de operação.

A degradação do solo é, consideravelmente, menor quando a aplicação é realizada por VANT´s. Por mais que os tratores usem pneus especiais, a compactação e a degradação do solo não podem ser negligenciadas e podem ser ainda maiores em áreas declivosas. A patinagem e a pressão dos pneus sobre o solo são fatores que perdem importância quando se pulveriza por VANT´s, uma vez que o contato deste com o solo inexiste. Este aspecto também é um facilitador para pulverizar em regiões declivosas e de difícil acesso, onde o conjunto trator-pulverizador tem dificuldade de acesso. O VANT consegue acessar locais complexos com grande facilidade, além de manter uma excelente homogeneidade na pulverização, o que é uma grande vantagem para a fruticultura. 

Apesar do elevado potencial desta técnica, a de se considerar que algumas limitações ainda não possuem uma solução próxima no horizonte.  A baixa autonomia de voo dos equipamentos que usam baterias que duram entre 15 e 25 minutos, aliada aos elevados custos e a falta de pessoal qualificado para a manutenção são, ainda, aspectos relevantes para utilização desta tecnologia.

É importante destacar que esta técnica, aparentemente, não veio para substituir a pulverização agrícola convencional. Inicialmente, a lacuna de mercado que esta técnica vem ocupar é exatamente aquela que é ainda pouco explorada e que inclui a fruticultura praticada em locais de relevo declivoso, de difícil mobilidade e em áreas pequenas. Ademais, há de se considerar que ainda não existe uma regulamentação pelos órgãos competentes, o que reforça a importância de se realizar mais pesquisas e responder questões que ainda estão em aberto.

Agradecimentos: o autor agradece a VANTTEC, empresa Patobranquense que trabalha do desenvolvimento da técnica de pulverização agrícola por meio de VANT´s pela troca de experiências e acordo e cooperação técnica.

Doutor em Agronomia – UTFPR – PB

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