A libido – que é o desejo sexual humano – e a forma como ela se manifesta são controladas por diversos fatores, e varia de pessoa para pessoa. Questões psicológicas e culturais têm influência, mas além deles os hormônios também fazem a diferença.
Nos homens e nas mulheres, são hormônios diferentes que determinam a libido. Enquanto no público masculino os níveis de testosterona são o principal indicativo de apetite sexual, no feminino são a progesterona e a testosterona.
Pesquisa realizada este ano pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo revelou que 5,8% das mulheres entre 18 e 25 anos e 19,9% das maiores de 60 buscam um (a) ginecologista para lidar com a baixa no desejo sexual. Entre os homens, um estudo realizado em 2021 pelo DataFolha e uma plataforma de saúde masculina revelou que 28% dos brasileiros diminuíram o desejo sexual nos mais de dois anos de pandemia.
Lirane Suliano, especialista e docente em auriculoterapia, explica que “a satisfação sexual é um dos aspectos considerados necessários para a qualidade de vida. A baixa libido entre as mulheres é um problema que vem crescendo nas últimas duas décadas. Um dos motivos é que os níveis de testosterona e estrogênio diminuem com o tempo, o que possivelmente contribui para uma diminuição da libido”.
Dentro desse contexto, a especialista acredita que é importante dizer que quando o problema persiste, pode ser diagnosticado como desejo sexual hipoativo. Uma pesquisa do Hospital das Clínicas da USP mostrou que, além da falta de libido, outros problemas afetam a vida sexual, em especial nas mulheres, como ausência de orgasmo e dor intensa durante a relação sexual.
Lirane considera que alguns fatores podem afetar a libido, como cobranças sociais, tabus, medo de decepcionar o parceiro, receio de gravidez e de doenças, estresse, frustrações emocionais, financeiras e profissionais, estresse da rotina diária e o uso de medicamentos controlados como antidepressivos, ansiolíticos e anticoncepcionais. Além disso, as doenças endócrinas como obesidade, diabetes, hipotireoidismo e disfunção adrenal, também podem afetar a libido. Outras causas, como ressecamento e flacidez vaginal e dor durante a relação sexual, também estão relacionadas com a queda na libido. Alimentação inadequada, tabagismo e consumo de álcool também afetam uma vida sexual saudável.
“Considerando os diversos fatores que podem estar relacionados com essa queda na libido, a auriculoterapia neurofisiológica se apresenta como um recurso terapêutico natural, que pode devolver uma vida sexual mais ativa e saudável”, esclarece.
Lirane ainda ressalta que “as questões sobre libido são complexas, e por isso é fundamental avaliar a paciente de maneira individualizada. A auriculoterapia apresenta excelentes resultados em alguns fatores que afetam o desejo sexual, como a qualidade do sono, a ansiedade, a circulação sanguínea e o relaxamento muscular dos genitais, como em casos de vaginismo, uma disfunção sexual que ocasiona dor na penetração”, indica.
Libido exagerada: os riscos da hiperssexualização em tratamentos hormonais
Ao falar de desejo sexual, o primeiro pensamento que pode surgir é: “quanto mais, melhor”. Contudo, isso está longe de ser o ideal. Por isso, ao recorrer a tratamentos hormonais para equilibrar a libido, é preciso encontrar um profissional responsável e com bom senso.
De acordo com Dr. Luis Bianchi, endocrinologista, qualquer pessoa que recebe testosterona, progesterona ou outros hormônios derivados podem passar por um processo de hiperssexualização. Ou seja, um aumento artificial e fora do padrão dessa pessoa. “É possível que ocorra uma desinibição social inadequada em vários níveis, chegando até a comportamentos sexuais bizarros e autodestrutivos, como exposição a doenças sexualmente transmissíveis, relacionamentos extraconjugais e até psicose, com alucinações e sintomas parecidos com os da esquizofrenia”, explica o médico.
Por mais inocente que possa parecer “turbinar o desejo sexual”, se isso não for feito com cuidado e parcimônia, doses excessivas podem desencadear euforia inconsequente, divórcios e até mesmo aumento de criminalidade nos pacientes.
Bianchi diz que os riscos existem porque, apesar de se tratarem de hormônios, os efeitos são diferentes para os que são produzidos naturalmente pelo organismo e pelos que são introduzidos de forma artificial.”Aliado a isso, existe uma forte tendência ao uso de hormônios como fonte da juventude e de vigor sexual de maneira artificial e padronizada, sem respeitar as características de cada pessoa”, aponta.
Logo, a solução para não passar por esse tipo de problema é estar acompanhado de um médico endocrinologista adequado e com boas referências. “Isso é indispensável para determinar se a causa das alterações de desejo sexual são hormonais ou não e definir um tratamento adequado e seguro”, finaliza.
*Com informações das assessorias