Está em análise pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) mais uma invenção desenvolvida por pesquisadoras da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) campus de Realeza. O depósito do pedido de patente é sobre quatro formulações de alimentos, todas destinadas a atender as necessidades nutricionais de pacientes com doença renal crônica. O protocolo da invenção “Composições alimentícias hipossódicas” junto ao INPI foi realizado no mês de maio pela Agência Internacionalização e Inovação Tecnológica (AGIITEC) da UFFS, por meio do Departamento de Propriedade Intelectual (DEPI/NIT).
A pesquisa buscou desenvolver produtos alimentícios que proporcionassem satisfação no momento da alimentação para pacientes com doença renal crônica, mas que também atendessem diferentes demandas nutricionais. “Frequentemente, observa-se a presença de distúrbios nutricionais na população acometida por esta doença, já que na dieta desses pacientes há restrição, por exemplo, do uso de sal de cozinha, de alguns tipos de frutas e legumes e da quantidade de proteína”, explica a professora Jucieli Weber, uma das coordenadoras do estudo.
A doença renal crônica é caracterizada pela perda lenta, progressiva e irreversível da capacidade dos rins em filtrar o sangue. A doença tem diferentes estágios evolutivos, o que exige dietas específicas para amenizar os distúrbios, bem como auxiliar na preservação da função renal. “A terapia nutricional para este paciente é dividida em três importantes momentos: tratamento conservador, tratamento dialítico e interdialítico. Em cada uma delas há a necessidade de evitar a sobrecarga do sistema renal, assim como a desnutrição do paciente”, comenta Jucieli.
De acordo com a professora Fernanda Oliveira Lima, que também integra a pesquisa, para a criação dos produtos foram realizadas análises laboratoriais de composição nutricional e de bromatologia, ciência específica que analisa os alimentos de forma detalhada, determinando a composição química, valor nutricional e energético, propriedades físicas e seus efeitos no organismo. “Os cálculos para as formulações levam em consideração as quantidades de sais minerais, como sódio, potássio, fósforo, além de quantidade de proteína, energia e vitaminas que podem se adequar estrategicamente à dieta e nas diferentes fases da doença renal crônica”, detalhou.
A ideia para o desenvolvimento dos produtos surgiu a partir do trabalho de conclusão de curso da nutricionista formada pela UFFS, Jéssica Aparecida Saggiorato Chicoski, que conviveu com pacientes com doença renal crônica. O trabalho também contou com a participação da egressa Thaiane da Silva Rios. “Por anos, acompanhei a dificuldade de adaptação dos pacientes a uma dieta restritiva. Dessa forma, pensamos em desenvolver alimentos que fossem gostosos e respeitassem as demandas nutricionais de cada fase da doença, o que poderia melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, lembrou Jéssica.
O chefe do Departamento de Propriedade Intelectual, Ilson dos Santos, explicou o trâmite padrão adotado pelo INPI. “Todo pedido de patente tem como primeira fase o período de sigilo interno, contudo, já existe uma expectativa de direito e com isso permite iniciar diálogos com interessados na tecnologia para parcerias, mais pesquisas e desenvolvimento (P&D), ampliando o nível de maturidade da tecnologia”, detalhou.
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