No caso, a PF já identificou indícios de favorecimento à Global para ofertar as medicações por força de decisão judicial. O caso envolve a aquisição dos medicamentos Aldurazyme, Fabrazyme, Myozyme, Elaprase e Soliris/Eculizumabe pelo DLOG. Apesar do pagamento milionário antecipado, a empresa não entregou os remédios. Estima-se que ao menos 14 pessoas morreram por não terem os remédios.
A Global é presidida por Francisco Maximiano. A empresa e Ricardo Barros são réus em ação de improbidade administrativa que tramita na Justiça do Distrito Federal. Por ordem do então ministro, a pasta liberou o pagamento pelos remédios sem que a empresa tivesse apresentado documentos suficientes à Anvisa para a importação.
Maximiano também é sócio da Precisa Medicamentos, empresa que está no foco da CPI da Covid por suspeitas de fraudes na oferta ao Ministério da Saúde da vacina indiana Covaxin. As suspeitas recaem sobre o Departamento de Logística da Saúde da gestão de Jair Bolsonaro.
A operação deflagrada nesta terça foi batizada de Pés de Barro, autorizada pela Justiça Federal do Distrito Federal. Entre os alvos, dois ex-diretores da pasta da Saúde também investigados na ação de improbidade junto com Ricardo Barros. O ex-ministro, porém, não é alvo.
Alvo da operação, Tiago Pontes Queiroz, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, é o atual secretário Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional e Urbano, do Ministério do Desenvolvimento Regional – a secretaria é responsável por uma licitação bilionária com sobrepreço de R$ 130 milhões como revelou o jornal O Estado de S. Paulo nas reportagens sobre o tratoraço.
Outro alvo é Davidson Tolentino, que foi diretor de Logística na Saúde antes de Tiago Pontes Queiroz. Tolentino acaba de deixar um cargo de diretoria na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Ele era diretor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf até 1º de setembro.
Tanto Tiago Queiroz como Davidson Tolentino são apadrinhados de lideranças do Progressistas, partido de Ricardo Barros e presidido pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Queiroz também é ligado ao Republicanos.
A PF diz já ter identificado indícios de inobservância da legislação administrativa, licitatória e sanitária, além do descumprimento de reiteradas decisões judiciais, com o aparente intento de favorecer determinadas empresas. A operação busca aprofundar a investigação.
Ao todo, são 15 mandados de busca e apreensão, em seis cidades: Maceió, em Alagoas; Belo Horizonte e Montes Claros, em Minas Gerais; Recife, em Pernambuco; São Paulo e Brasília
Os envolvidos podem responder pelos crimes de fraude à licitação, estelionato, falsidade ideológica, corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e corrupção ativa.
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