Pix já disputa com dinheiro e cartão de débito como 1ª forma de pagamento

Com menos de um ano de funcionamento, o Pix já rivaliza com o cartão de débito e o dinheiro em espécie como principal meio de pagamento dos brasileiros, de acordo com pesquisa feita pela Zetta em parceria com o Datafolha. Os dados apontam que a adesão ao Pix – mecanismo de transferência de recursos que opera em tempo real, 24 horas por dias – é maior entre os consumidores mais jovens, com maior escolaridade e com melhor renda mensal.

Dentre os entrevistados, 81% afirmam utilizar o Pix. O porcentual é próximo dos meios de pagamento líderes do mercado: o dinheiro em espécie com 84% e o cartão de débito com 85%.

Lançado em novembro do ano passado, o Pix já tem uma penetração no público maior que a do cartão de crédito (74%), do boleto bancário (53%) e da carteira digital (52%).

O cheque – que foi um dos principais meios de pagamento dos brasileiros nos anos 90 – sobrevive hoje para apenas 6% dos usuários.

A pesquisa ouviu 1.520 homens e mulheres, com idades de 18 a 70 anos, de todas as classes econômicas, entre os dias 25 de maio e 10 de junho, em todo o Brasil.

“Em apenas dez meses desde o lançamento, o Pix já disputa com os principais meios de pagamentos. Isso mostra que o Pix já entrou no gosto do brasileiro, superando inclusive outras tecnologias recentes, como a carteira digital. Chama a atenção o fato de o cheque ter virado uma coisa praticamente obsoleta. A tecnologia veio de forma muito veloz”, avalia a economista-chefe da Zetta e responsável pelo estudo, Rafaela Nogueira.

A Zetta é a entidade que pretende representar o segmento de inovação financeira no Brasil, uma espécie de “Febraban das fintechs”. Entre os membros da entidade estão Nubank, Mercado Pago, Banco Inter, Movile, Iugu, Hash, Creditas, Modalmais, Zoop, Donus e Bexs.

De acordo com dados do Banco Central, um total de 313,271 milhões de chaves estavam cadastradas no Pix até o dia 31 de agosto, sendo 12,712 milhões de chaves de empresas e 300,558 milhões de chaves de pessoas físicas. Somente em agosto, foram 815,190 milhões de operações no sistema, que movimentaram mais de R$ 458 bilhões.

Rafaela destaca que os dados da pesquisa mostram uma avaliação muito positiva do Pix tanto por parte dos usuários quanto daqueles que ainda não aderiram à plataforma.

De acordo com o estudo, 78% dos entrevistados deram nota de 9 a 10 para agilidade do sistema e 77% consideram o Pix a melhor forma de fazer transferências. A facilidade de uso e o fato de os valores transferidos estarem disponíveis imediatamente também receberam as melhores notas por mais de 70% das pessoas consultadas.

“Eu esperaria que a gratuidade fosse a característica com maior proporção de notas altas, mas a imagem do Pix é muito boa sobretudo pela agilidade. É inegável que a pandemia obrigou a população a entrar mais rapidamente nos meios digitais, mas sem dúvida o Pix teria esse sucesso em qualquer situação”, completa a economista-chefe da Zetta.

A pesquisa detalha ainda que 92% dos usuários do Pix usam o instrumento para transferências e 73% para pagamentos. Desse segundo grupo, 67% afirmam pagar por produtos e serviços prestados por pessoas físicas e 57% dizem fazer pagamentos para empresas.

A resposta contrasta com as estatísticas do BC, que mostra que os pagamentos de pessoas físicas para pessoas jurídicas representaram apenas 15% das operações em agosto, enquanto as operações entre pessoas físicas (P2P) responderam por 74% do total.

“Muitos pequenos e microempreendedores devem estar se cadastrando pelos CPFs, e seus consumidores não conseguem perceber que o pagamento é para pessoa física. Há também a questão da informalidade que permeia o Pix. Mas acreditamos que o Pix pode ser uma grande janela de oportunidade ou um primeiro passo para a formalidade”, acrescenta Rafaela.

Justamente essa informalidade pode estar por trás do fato de a Região Norte apresentar a maior frequência de uso do Pix pelos entrevistados. Enquanto nas demais regiões entre 5% e 7% das pessoas fazem mais de 20 pagamentos com o Pix por mês, nos Estados do Norte, esse porcentual chega a 10% em média.

“Outra hipótese seria a baixa capilaridade de caixas eletrônicos na região. Essa menor disponibilidade de moeda levou a uma adaptação mais rápida ao Pix”, cogita a economista.

Segurança

Para o presidente da Zetta, Bruno Magrani, ainda é cedo para saber se as novas regras de segurança para o Pix irão afetar o uso do instrumento. Na semana passada, o Banco Central anunciou uma série de medidas, incluindo limite de R$ 1 mil para operações entre pessoas físicas e MEIs entre 20 horas e 6 horas.

O sistema tem sido utilizado por criminosos para a prática de fraudes. Instituições financeiras pressionaram o Banco Central por mudanças que garantissem uma segurança maior do sistema. A previsão é a de que as medidas comecem a ser implementadas em algumas semanas.

“Há ainda muita margem de dúvidas em relação a como esse anúncio vai se transformar em regras. Mas somos favoráveis a medidas que tragam segurança para o Pix, o que é fundamental para a continuidade do sucesso do instrumento. Também pensamos em maneiras para tornar o Pix mais seguro, como o uso de inteligência artificial para tentar prever os comportamentos usuais dos clientes. Caso apareça um comportamento não usual, podemos ativar alguma trava ou verificação adicional de transferências. As empresas podem sim trazer soluções para segurança e usabilidade que não criem limitações para os clientes”, avaliou Magrani.

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