No entorno de Doria, a expectativa é de que o vice, Rodrigo Garcia (DEM), mantenha a estratégia inicial e assine a ficha de filiação no PSDB em maio. Essa costura tinha sido fechada em um cenário com Doria disputando a eleição presidencial. Assim, Garcia seria apontado como candidato tucano no Estado, sem a necessidade de realização de prévias, e o DEM indicaria o vice em uma eventual chapa de Doria à Presidência – uma decisão da executiva da sigla garante que, caso o governador opte pela reeleição, terá a vaga assegurada e não precisará se submeter a uma disputa interna.
O projeto presidencial do governador tucano, no entanto, enfrenta resistências no próprio partido. Doria já admitiu concorrer a um novo mandato após a reabilitação eleitoral de Lula. A avaliação é de que a presença de Lula e do presidente Jair Bolsonaro na disputa do ano que vem tende a estreitar o espaço para candidaturas. “O convite para o Rodrigo Garcia vir para o PSDB foi feito e todo o partido tem a expectativa de que ele venha”, disse Marco Vinholi, presidente do PSDB-SP.
Nesse cenário, o ex-governador Geraldo Alckmin seria o preferido para disputar o Senado, mas essa articulação passa por convencer o senador José Serra a desistir da reeleição e disputar a vaga de deputado federal.
O PSB, por sua vez, abriu um canal de diálogo com Alckmin e cogita a possibilidade de uma “dobradinha” dele com o ex-vice-governador Márcio França (PSB). Segundo dirigentes da sigla, não está descartado que um seja vice do outro. Nas conversas com dirigentes partidários, Alckmin tem dito, segundo relatos, que não tem interesse em disputar o Senado. Procurado, o ex-governador não quis se manifestar.
Na esquerda, o ex-prefeito Fernando Haddad passou a ser tratado no PT como candidato “natural” ao governo paulista depois que Lula voltou ao jogo político. Candidato ao Planalto em 2018, Haddad focou suas agendas em São Paulo e fez eventos virtuais recentes com prefeitos e lideranças petistas nas regiões de Campinas e Ribeirão Preto.
Para marcar posição, o PSOL colocou o nome de Guilherme Boulos no tabuleiro paulista. O partido, nascido de uma dissidência do PT, passou a admitir uma aliança com Lula em 2022. Mas, para isso, deverá cobrar contrapartidas nos Estados. “Não é o momento de começar campanha, mas há espaço para derrotar a hegemonia do PSDB em São Paulo. O mais importante é que haja uma unidade do campo progressista. É isso que eu defendo”, declarou Boulos.
Dirigentes do PT e do PSOL admitem que a unidade no Estado vai passar pela negociação em torno da eventual chapa de Lula à Presidência.
Após terminar em quinto lugar na eleição para a Prefeitura em 2020, o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), conhecido como “Mamãe Falei”, é apontado como “prioridade número um” do Movimento Brasil Livre (MBL) para a disputa no Estado. “A gente está buscando um (novo) partido para o Arthur disputar o governo do Estado”, disse o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), do MBL. O Patriota se tornou um ambiente indesejável para uma candidatura ligada ao MBL porque o movimento vê forte associação da legenda com Bolsonaro.
No campo bolsonarista, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub é cotado para a disputa. Ele disse durante uma live para um canal de um apoiador de Bolsonaro que cogitava concorrer ao governo. “Estamos pensando em como a gente faz para ajudar. Pode ser concorrendo. Falam em governador, senador”, afirmou. “O cargo, em si, não é o principal.”
Weintraub deixou o País respondendo a processos – um por crime contra a segurança nacional após ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outro por racismo, após fazer uma postagem que ridicularizaria a China. Ele está nos Estados Unidos e tem afirmando a apoiadores que já resolveu todas as pendências judiciais que poderiam colocar em risco seu retorno. Nas redes sociais, bolsonaristas tentam impulsionar sua candidatura.
Outro nome que se movimenta no campo bolsonarista é o do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL), que conversa com o PTB para disputar o Executivo paulista.
O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ainda está filiado ao MDB, mas já não tem relação orgânica com o partido. Skaf quer se candidatar, mas está em compasso de espera e deve migrar para o mesmo partido para o qual for Bolsonaro.
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