Por Fernando Ringel
O mundo tem gente falsa, mas está difícil achar alguém mais “falsiane” que esse inverno: enquanto Manaus chegou a registrar espantosos 49 graus de sensação térmica, o “ZapZap” ferveu com um vídeo gravado na região de Cuiabá, Mato Grosso, onde uma mulher frita pasteis com a panela em cima da calçada, sem falar em casos como o da caixa d’água que derreteu sob o sol em Uruará, Pará.
E para quem seca o suor da testa, sentindo na pele que o verão já é uma realidade, há os mais otimistas que forçam os olhos para enxergar no horizonte o especial do Roberto Carlos, as luzes de natal e a ceia com arroz e uva-passa. Porém, vai tempo até lá e, atualmente, nada está “mais quente do que a batata” do tenente-coronel Mauro Cid e dos réus pelos ataques do dia 8 de janeiro. E olha que, apesar de ainda ser inverno, a população do sertão do Ceará tem solicitado o recapeamento de trechos da rodovia CE-257 porque o asfalto simplesmente derreteu…
Língua comprida
Mais complicada que a situação do homem de Araguatins, Tocantins, detido por andar em uma moto com placa feita a mão, é o caso de Aécio Lúcio Costa Pereira, o primeiro a ser julgado pelo quebra-quebra em Brasília. Não bastasse os perrengues que todo mundo com nome iniciado pela letra “a” passa desde as provas na escola, além de ser o primeiro, Aécio viu seu advogado, o desembargador aposentado, Sebastião Coelho da Silva, dizer aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que eles “são as pessoas mais odiadas do país”. Seria um caso em que “a fala é prata e o silêncio é ouro”? Afrontar quem está julgando ajuda o réu em quê? Para completar, afirmou que o Supremo seria ilegítimo para este julgamento, além de prestar solidariedade aos policiais militares presos por omissão ou colaboração no vandalismo.
Suspeito de incitar atos golpistas e alvo de apuração no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), seria tudo isso um trampolim para uma futura carreira política do ex-desembargador? Enquanto o tempo não responde a esse questionamento, de concreto mesmo, Sebastião Coelho da Silva cutucou as onças com vara curta, fez bonito para a extrema-direita, mas quem deve pagar o preço é o tal Aécio.
Seja lá qual o cálculo por trás da defesa, o fato é que agora o nome do advogado está para sempre nos arquivos de portais de todo o Brasil como alguém que, olhando nos olhos dos ministros, falou o que milhões têm vontade.
Defesa ou palanque, o fato é que o desembargador aposentado está com a vida feita, mas para o réu a coisa é diferente. Ressaltando a competência do STF para julgar crimes, Alexandre de Moraes reforçou a gravidade dos atos do dia 8 de janeiro e criticou tentativas de minimizá-los. Em seu voto, pediu a condenação de Aécio a 17 anos, e de acordo com os engraçadinhos da internet, se espernearem, capaz de a pena subir para 22… anos.
Pois é, posar de herói tem o seu preço, mas a corda arrebenta só para os mais fracos.
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