Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, “todas as circunstâncias para a elucidação dos fatos” estão em investigação. Na terça-feira, especialistas que visitaram o local falaram a jornalistas que uma das possíveis causas poderia ser um sobrepeso na laje, que seria irregular e não estaria na planta original. A informação ainda não foi oficialmente confirmada pelas autoridades envolvidas e pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) confirmaram a informação oficialmente.
“Foram solicitados exames junto ao IC (Instituto de Criminalística) e IML (Instituto Médico Legal). Testemunhas serão ouvidas e imagens do local estão sendo analisadas pela equipe da unidade para auxiliar nas investigações”, destacou a SSP em nota.
O local está interditado pela Defesa Civil e por auditores fiscais do trabalho. Procurado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que também “vai apurar todos os fatos envolvendo o acidente de trabalho e as normas de segurança que possam ter sido violadas, e essa investigação levará algum tempo”. Na terça-feira, o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região divulgou que acionou o órgão com o pedido de uma fiscalização “com urgência”.
Já o Ministério Público Eleitoral (MPE) irá apurar a regularidade do evento com candidatos que ocorria no momento do desabamento. Segundo a Procuradoria Regional Eleitoral, é “necessária investigação para saber se o encontro realizado na empresa onde houve o desabamento implicou despesas eleitorais ou constrangimentos ao voto”. Cerca de 64 pessoas participavam da reunião, a maioria funcionários.
“As empresas não podem fazer doações para campanhas eleitorais e não podem, de qualquer maneira, constranger ao voto as pessoas que nela trabalham. Isso significa que seus espaços não se destinam à realização de reuniões com muitas pessoas, como são os comícios”, ressaltou em nota.
O candidato a deputado estadual Jones Donizette (Solidariedade) divulgou que estava no local no momento do desabamento, para um café da manhã com os funcionários da empresa, acompanhado da candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos), ambos aliados políticos. “Quando se despediam dos trabalhadores, parte da estrutura de concreto se rompeu e os deixou presos nos escombros, os dois foram resgatados com vida”, informou.
Ex-presidente da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) e professor na UFPB, Marcelo Weick Pogliese explicou ao Estadão que candidatos podem visitar empresas, mas dentro de algumas circunstâncias. Entre elas, os funcionários não podem ser obrigados a participar da atividade e a empresa deve estar aberta a receber outros candidatos.
“Em regra, está garantida a igualdade de oportunidades”, destaca. “Não pode acontecer um direcionamento, uma coação”, aponta. Até o momento, não há informações se outros candidatos visitaram ou tinham visita agendada à empresa.
‘Nós fomos surpreendidos pelo rompimento da estrutura’, diz empresa
Cerca de 12 horas após o desabamento, que ocorreu por volta das 9 horas, a empresa Multiteiner se manifestou pela primeira vez publicamente sobre o caso. Em um comunicado publicado em rede social, “lamenta profundamente o acidente ocorrido” e diz que “todos os nossos colaboradores encontravam-se reunidos em nosso auditório para o início de mais um dia de trabalho”, sem mencionar que a atividade envolvia dois candidatos a deputado.
“Infelizmente, todos nós fomos surpreendidos pelo rompimento da estrutura”, alegou. A empresa ainda disse que “todas as medidas estão sendo adotadas para apurar e esclarecer todo o ocorrido” e divulgou um e-mail para contato com familiares das vítimas. Por fim, alegou estar “à disposição das autoridades competentes, com a prestação de todas as informações, no intuito de esclarecer as causas do ocorrido”.
O galpão fica na Estrada Ferreira Guedes, 1.134, no bairro Potuverá. A Multiteiner trabalha com comércio e locação de contêineres há mais de 20 anos e é uma das das principais empresas do setor no País, com um histórico de contratos com instituições públicas e o setor privado, incluindo para grandes eventos.
Na terça-feira, a prefeitura de Itapecerica da Serra informou que a licença municipal da empresa ainda não foi emitida, pois o licenciamento ambiental está em andamento junto à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), por envolver uma Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRM).
Já a Cetesb, também em nota, disse que a empresa tinha aprovação para uso do local, mas que o espaço está com um pedido de regularização em processo de avaliação, por ser localizado em Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais Reservatório da Guarapiranga.
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